MITOLOGIAS MUNDIAIS E CONCEITOS

terça-feira, 18 de setembro de 2012

ÉTER - O AR

Éter (em grego Αἰθήρ, transl. Aithếr, do verbo αἵθω, transl. aíthô, "queimar") era, na mitologia grega, a personificação do conceito de "céu superior", o "céu sem limites" (diferente de Urano).

Era o ar elevado, puro e brilhante, respirado pelos deuses, contrapondo-se ao ar obscuro, ἀήρ (aếr), que os mortais respiravam, sendo deus desconhecido da matéria, em consequência as moléculas de ar que formam o ar e seus derivados.

É considerado por Hesíodo como sendo filho de Érebo e de Nix, tendo por irmã Hemera. Unido a esta, gerou seres não antropomorfizados: Tristeza, Cólera, Mentira, etc.

A lista de Higino atribui-lhe como filhos: Oceano, Témis, Briareu, Giges, Estérope, Atlas, Hiperião, Saturno, Ops, Moneta, Dione e as três Fúrias. Cícero lhe atribui paternidade sobre Júpiter e Celo, ou seja, Urano.

Assim como Érebo, que personifica as trevas superiores, tem como seu correspondente Nix, as trevas superficiais (e, em algumas versões, este aparece como filho daquela), pode ser interpretado que Éter tem seu correspondente em Urano (de quem ora aparece como filho, ora como pai).

Etimologia do nome
Derivado do verbo aítho, "queimar", "fazer brilhar", era usado na Hélade genericamente para "queimado de sol". Desse modo, conforme o contexto, poderia significar tanto "fazer brilhar" quando "tornar-se escuro como fuligem".

Éter estaria entre Urano e o ar. Por personificar o céu superior, considera-se sua camada mais pura que aquela próxima da terra. Entretanto, Éter é luz que queima ao iluminar.

Há uma tensão no verbo do qual deriva. Significa tanto "fazer luzir" quanto "escurecer", conforme o contexto. Em Urano, esta dinâmica específica está ausente.

Junito Brandão faz a aproximação com o sânscrito i-n-ddhé, "ele inflama", édha, "floresta incendiada", e com o latim aedes, "lareira", aestas, "verão, estio", aestus, "ardor", "calor ardente".

Carlo Rusconi relaciona o étimo à origem da palavra Etiópia: ahithou, "arder", remontando a raiz aidh, que em grego seria aith.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Kemetismo

ANKH 
Antigo símbolo egípcio,
adotado atualmente como
símbolo do kemetismo
Kemetismo é uma das diversas religiões "neo-paganistas" da atualidade.

É cada vez mais comum pessoas do mundo inteiro se voltarem para antigas práticas religiosas, anteriores ao cristianismo. O Kemetismo é a religião que resgata o culto aos antigos deuses egípcios.

O Kemetismo tem diferentes vertentes. Uma delas é a religião desenvolvida nos Estados Unidos em 1988 por Tamara Siuda. Esta vertente cultiva as crenças e práticas da antiga religião egípcia adaptadas aos tempos atuais, sendo considerada uma religião revivalista e de matriz africana. Também chamada de Ortodoxia Kemética, a religião cultiva todos os aspectos da religião do Antigo Egito, sendo, portanto, uma religião monólatra, ou seja, acredita-se em vários deuses, porém, que partem de somente uma força divina.

ESTÁTUA DE ISIS
Uma das principais deusas da mitologia egípcia,
nos diasde hoje cultuada pelos Keméticos contemporâneos.
Essa "força divina" é Netjer, sendo os antigos deuses egípcios como Rá, Ísis, Osíris e Anúbis aspectos ou Nomes de Netjer, usando-se os termos plurais Netjeru para os deuses e Netjeret para as deusas.

O Kemetismo se desenvolveu na década de 1970, com a ascensão do neopaganismo nos Estados Unidos. Tamara Siuda, em um ritual de iniciação wiccan recebeu uma visão na qual, alegou ter sido chamado pelos antigos deuses egípcios para reviver sua adoração. Tamara abandonou a wicca para estudar a adoração na antiga religião egípcia com alunos em 1988, nascendo a Ortodoxia Kemética que é a principal e oficialmente reconhecida religião kemética, sendo representada no Parliament of World Religions na Cidade do Cabo, África do Sul em 1999.


Tamara Siuda
Fundadora e principal
líder do kemetismo.
Três grupos keméticos modernos possuem relação histórica com a Ortodoxia Kemética, são eles: Akhet Hwt-Hrw, Per Ankh e Per Heh.

A Ortodoxia Kemética não considera-se uma verdade filosófico-religiosa absoluta, considerando e respeitando todas as outras verdades filosófico-religiosas como igualmente válidas e, como consequência disso, a Ortodoxia Kemética rejeita o proselitismo religioso.

O nome Kemetismo vem de kemet, que significa Terra Negra, sendo a forma de como o Egito era chamado na época dos faraós.

Os cinco pilares da Ortodoxia Kemética
A Ortodoxia Kemética baseia-se em 5 pilares:
• Ma'at: a justiça, a verdade, a ordem e o equilíbrio
• Netjer: a força divina, da qual os Deuses (Netjeru) e Deusas (Netjeret) são aspectos ou Nomes
• Akhu: os ancestrais
• Nisut: o líder espiritual e administrativo
• A Comunidade, praticante da religião.

A Ortodoxia Kemética possui dois tipos de prática: a Prática Estatal, que consiste na realização de rituais e celebrações por sacerdotes específicos, do jeito mais fiel possível aos que os antigos sacerdotes egípcios faziam, e a Prátca Pessoal.

Ritual kemético contemporâneo.
Na Prática Estatal também são celebrados os mesmos festivais formais que eram celebrados na Antiga religião egípcia, tudo sob o controle e orientação dos sacerdotes, e são justamente essas formalidades fieis às formalidades antigas que dão o caráter "ortodoxo" da religião, que conta inclusive com um calendário kemético, sendo a celebração mais importante o Wep Ronpet que é o ano novo kemético, que acontece geralmente entre em Julho e Agosto quando começa a cheia do rio Nilo.

Já a Prática Pessoal, consiste em altares pessoais que os fieis fazem e ali realizam seus rituais diários, orações, adorações espontâneas, etc, além de suas próprias experiências cotidianas com a espiritualidade kemética.

A Ortodoxia Kemética possui uma rígida hierarquia, a saber:

Altar doméstico
• Iniciantes: São aqueles que foram admitidos na classe de iniciantes, onde aprendem tudo sobre a religião e tem seu primeiro contato com a comunidade kemética, sendo ensinados, orientados e auxiliados por sacerdotes. Após o término da classe de iniciantes, a pessoa pode decidir tornar-se um Remetj caso tenha identificado-se com a religião, ou pode recusar caso não tenha identificado-se.

• Remetj: São aqueles que passaram pela classe de iniciantes e decidiram tornar-se membros, porém sem converterem-se totalmente.

• Shemsu: São os Remetj que decidiram comprometer-se totalmente com a Ortodoxia Kemética. Para tanto, previamente passaram pelo RPD (Rito de Divinação Parental) no qual a Nisut descobre quais Nomes de Netjer(Deuses egípcios) são os Pais divinos e Amados divinos da pessoa. Após o RPD, a pessoa decidiu ser um seguidor de seus Deuses pessoais que apareceram em seu RPD, fez juramentos e então participou da Cerimônia de Nomeação na qual seu(s) Pai(s) divino(s) lhe deram um nome espiritual, ou nome de Shemsu. Esse nome espiritual é divinado pela Nisut e é relacionado ao(s) Pai(s) divino(s) da pessoa, que então finalmente é apresentada à comunidade kemética como um novo Shemsu. No entanto, ninguém é obrigado a tornar-se Shemsu; um Remetj pode passar pelo RPD e decidir continuar como Remetj.

No Kemetismo o natal e comemorado
como aniversário de Hórus, nascido nesta
data de uma virgem, Isis, 3 mil anos
antes do cristianismo se apropriar desta
data e atribuí-la a Jesus Cristo.
• Shemsu-Ankh: São todos os Shemsu que decidiram dedicar boa parte de seu tempo à comunidade da religião, passando por novos ritos de passagem e juramentos especiais à fé como o Weshem-ib que significa "pesagem do coração", podendo então desempenhar alguma função coletiva e ou serem ordenados em sacerdócios específicos como o sacerdócio W'ab e o sacerdócio Imakhu.

• Nisut: É o líder espiritual e administrativo, função que no passado era desempenhado pelo faraó, e atualmente desempenhada pela própria fundadora da religião, Tamara Siuda, que é também egiptóloga, trazendo conhecimento científico para basear a fé, os ensinamentos, os ritos e a estrutura da Ortodoxia Kemética. Seu título simplificado como Nisut é Hekatawy I. Obs: ela não é considerada um faraó e nem infalível, tampouco uma divindade, como eram considerados os faraós do antigo Egito.

sábado, 16 de junho de 2012

ZOROASTRO


Zaratrusta jovem
Seu verdadeiro nome era Zaratustra, mas nos dias de hoje é mais conhecido pela versão grega de seu nome, Zωροάστρης (Zoroastres, Zoroastro).Ele foi uma espécie de profeta nascido na Pérsia (atual Irã), provavelmente em meados do século VII a.C., fundador do Masdeísmo ou Zoroastrismo, religião adotada oficialmente pelos Aquemênidas (558 – 330 a.C.). A denominação grega Ζωροάστρης significa contemplador de astros. É uma corruptela do avéstico Zarathustra (em persa moderno: Zartosht ou زرتشت). O significado do nome é obscuro, ainda que, certamente, contenha a palavra ushtra (camelo).

Nos dias atuais, depois de estudos lingüísticos e comparações de

textos antigos, a maior parte dos pesquisadores chegou à

conclusão que Zoroastro deve ter nascido por volta do ano


630 a.C. em Báctria, região da Ásia central ao norte do atual


Afeganistão, mas não existem registros históricos da data de

Conquista do Império Persa por Alexandre, o Grande
nascimento
e dos locais em que Zoroastro viveu.

Um dos motivos foi sua seita ter sido "apagada"

pela conquista do Império Persa por Alexandre, o
 Grande,

e depois, pelos árabes.

Essa região era imensa: num mapa atual ela


incluiria, no mínimo, o Irã, o Iraque, o Afeganistão, o

Uzbequistão, o Quirguistão, o Turcomenistão,

Os magos e feiticeiros, adoradores do
fogo, que aparecem nos famos contos das
Mil e Uma Noites são personaagens
inspirados pela antiga religião de
Zoroastro, pois em seus templos estava
sempre aceso o fogo sagrado que era a
representação de Ahura Mazda,
o Deus Supremo no zoroatrismo.
parte do Paquistão e o noroeste da Índia.

Quando os árabes conquistaram a Pérsia e


difundiram o islamismo, a religião de Zoroastro, que

 ali existia desde antes dos persas formarem um

império, desapareceu.Há menções a ela nos contos

das "Mil e Uma Noites", uma coletânea de histórias

passadas de geração em geração na tradição oral e

mais tarde transformada em livro.

Ali se pode ler sobre os magos (magi), os


adoradores do fogo, que para os zoroastristas era a

representação sagrada de Ahuramazda, o Deus supremo da mitologia persa.

Esses adoradores do fogo eram considerados ilegais pelos árabes, pois estes admitiam apenas sua própria

Zaratrusta ou Zoroastro
religião, a muçulmana.

Zaratustra, ou Zoroastro, passou à história como um


profeta cuja doutrina foi superada, no entanto,

estudiosos afirmam que muitos dos princípios

teológicos das religiões modernas, como a

separação entre o bem e o mal, já haviam sido

delineadas por Zaratustra, 600 anos antes de Cristo

e 1.200 anos antes de Maomé.

Os ensinamentos de Zaratustra só foram registrados

depois de sua morte - a única exceção é o Gatha,

livro de hinos que teria sido escrito por ele. O nome

Zaratustra significa "homem dos velhos camelos".

Seu pai se chamavaPorushaspa, cuja tradução

é "aquele dos cavalos e raça com patas anteriores brancas" e deve ter sido um sacerdote, de um clã de

criadores de animais - assim está escrito no Avesta, o livro sagrado dos ensinamentos de Zaratustra.

Destinado, ainda bem jovem, a seguir as pegadas do pai e a
 se tornar também um sacerdote, o rapaz não


concordou.
 Aos 20 anos ele abandonou sua terra e partiu em peregrinações.

Há relatos também de que sua mãe o gerou quando ainda era virgem, fecundada pela luz divina de Ahuramazda. 600 anos depois, o cristianismo se apropriaria desse fenômeno e o atribuiria a concepção de Jesus, nascido também de uma virgem.

Zoroastro nasceu nas estepes a perder de vista da Ásia Central perto do Mar de Aral, havia uma pequena vila de casas, onde vivia a família Spitama. Um dia, no sexto dia da primavera, um menino nasceu naquela família. A sua mãe e seu pai decidiram dar-lhe o nome de Zaratustra. Ao nascer, Zaratustra não chorou, pelo contrário, riu sonoramente. As parteiras, vendo aquilo, admiraram-se, pois nunca tinham visto um bebê rir ao nascer.

Na vila havia um sacerdote que percebeu que aquele menino viria a ser um revolucionário do pensamento humano e o que enfraqueceria o poder dos "donos" das religiões. Ele então decidiu tomar providências e procurou Pourushaspa, o pai de Zaratustra, com a seguinte conversa: "Pourushaspa Spitama, vim avisar-lhe. Seu filho é um mau sinal para a nossa vila porque riu ao nascer, ele tem um demônio. Mate-o ou os deuses destruirão seus cavalos e plantações. Onde já se viu rir ao nascer nesse mundo triste e escuro! Os deuses estão furiosos!".







Pourushaspa não queria ferir seu filho, mas o sacerdote insistiu e impôs uma prova.

Na manhã seguinte Pourushaspa fez uma grande fogueira, e à frente de todos colocou Zaratustra no meio do fogo, mas ele não sofreu dano algum. O sacerdote ficou confuso.

Zaratustra foi levado então para um vale estreito e colocado no caminho de uma boiada de mil cabeças de gado, para ser pisoteado. O primeiro boi da boiada percebeu o menino e ficou parado sobre ele, protegendo-o, enquanto o resto passava ao lado e o bebê não sofreu um só arranhão. O sacerdote logo arquitetou outro plano. O menino Zaratustra foi colocado na toca de uma loba que, ao invés de devorá-lo, cuidou dele até que Dugdav, sua mãe, viesse buscá-lo. Diante de tantos prodígios o sacerdote ficou envergonhado e mudou-se da vila.



Ao crescer, Zaratustra peramburalava pelas estepes indagando-se: "Quem fez o sol e as estrelas do céu? Quem criou as águas e as plantas? E quem faz a lua crescer e minguar? Quem implantou nas pessoas a sua natural bondade e justiça?".

Um dia Zaratustra estava meditando às margens de um rio quando um ser estranho lhe apareceu. Ele era indescritível, tal a sua beleza e brilho. Zaratustra perguntou-lhe quem era ele, ao que teve como resposta: "Sou Vohu Manah, a Boa Mente. Vim lhe buscar". E tomou-lhe a mão, e o levou para um lugar muito bonito, onde sete outros seres os esperavam.

A Boa Mente disse-lhe então: "Zaratustra, se você quiser pode encontrar em você mesmo todas as respostas que tanto busca, e também questões mais interessantes ainda. Ahura Mazda, que tudo cria e sustenta, assim escolheu partilhar a sua divindade com os seres que cria. Agora, sabendo disso, você pode anunciar essa mensagem libertadora a todas as pessoas.”

Zaratustra contestou: "Por que eu? Não sou poderoso e nem tenho recursos!". Os outros seres responderam em coro: "Você tem tudo o que precisa, o que todos igualmente têm: Bons pensamentos, boas palavras e boas ações".

Zaratustra voltou para casa e contou a todos o que lhe acontecera. A sua família aceitou o que ele havia descoberto, mas os sacerdotes o rejeitaram. Eles argumentaram: "Se é assim nada há de especial em nosso serviço, nada valem nossos sacrifícios e perderemos o poder que nos dão os deuses ciumentos e caprichosos que servimos. Ficaremos sem trabalho e passaremos fome!". Decidiram, então, dar cabo da vida de Zaratustra.

Com sua boa mente ele entendeu que tinha que sair dali por uns tempos. Chamou seus vinte e dois companheiros e companheiras de primeira hora e fugiram com tudo o que tinham. Eles viajaram durante várias semanas até chegarem a um lugar cujo governante chamava-se Vishtaspa.
Zaratustra na corte do Rei Vishtaspa
Zaratustra procurou Vishtaspa e partilhou com ele a sua descoberta.

Vishtaspa respondeu ao seu apelo com uma recusa: "Por que haveria de crer nesse estranho? Meus deuses são, com certeza, mais poderosos que esse Ahura Mazda!".

Após dois anos tentando convencer Vistaspa, e enfrentando a mais cruel oposição, passando, inclusive, um tempo preso, um acidente com o cavalo de Vishtaspa ajudou a resolver a favor de Zaratustra esse impasse. À beira de morte, o cavalo tornou-se o pivot de todas as atenções. Vistaspa chamou sacerdotes, feiticeiros, médicos e sábios para salvar o seu cavalo. Juntos eles tentaram de tudo, inclusive oferecendo aos deuses dezenas de sacrifícios de outros cavalos. Além disso, brigaram entre si, fizeram intrigas, mas nada aconteceu, o cavalo de Vishtaspa só piorava. Zaratustra, que fora criado num ambiente rural, logo percebeu que ele fora envenenado. Procurando Vishtaspa ele sugeriu um remédio muito usado nesses casos em sua terra. Sem alternativas, embora descrente, Vishtaspa aceitou a idéia de Zaratustra e em dois dias seu cavalo estava de pé, sem sinal do doença.

Templo religioso masdeísta, religião
fundada por Zoroastro [ou Zaratustra],
mais comumente conhecida como
zoroatrismo. A figura entalhada é a de
Ahura Mazda, seu deus supremo.
Todos ficaram pasmos e acharam que Zaratustra tinha operado um milagre. Ele respondeu que havia apenas usado a sua boa mente e os conhecimentos que tinha adquirido em casa. Vishtaspa e sua família ficaram encantados com a honestidade e simplicidade de Zaratustra, e dispuseram-se a ouvi-lo de novo, dessa vez com coração e mentes desarmados. Em pouco tempo não só Vishtaspa e sua família haviam sido iniciados, como também grande parte de seu povo.

Embora Zaratustra pudesse ter usado a ocasião da cura do cavalo de Vishtaspa para arrogar-se poderes sobrenaturais ele preferiu ser sincero, e foi isso o que de fato mostrou a Vishtaspa a sublime beleza e profundidade da mensagem.

Dos 20 aos 30 anos, segundo narrativas que chegaram a nós, Zaratustra viveu quase sempre isolado, habitando no alto de uma montanha, em cavernas sagradas. Não ingeria nenhum alimento de origem animal. Em outros relatos, teria ido ao deserto, onde fora tentado por uma entidade maligna. Após sete anos de solidão completa, regressou ao seu povo, e com a idade de trinta anos recebeu a revelação divina por meio de sete visões ou idéias.

Assim começou Zaratustra a sua missão aos trinta. Segundo os Masdeístas ele encontrou muita dificuldade para converter as pessoas à sua nova religião. Em dez anos de pregação teve somente um crente: o seu primo. Durante este período, o chamado de Zaratustra foi como uma voz no deserto. Ninguém o escutava. Ninguém o entendia.

Foi perseguido e hostilizado pelos sacerdotes e por toda a sorte de inimigos ao longo de dez anos. Os príncipes recusaram dar-lhe apoio e proteção e encarceraram-no porque a sua nova mensagem ameaçava a tradição e causava confusão nas mentes de seus súbditos. Com 40 anos, realizou milagres e preocupava-se com a instrução do povo. 


Somente depois da conversão do rei Vishtaspa, que se tornou um fervoroso seguidor da religião por ele pregada, é que iniciou-se a verdadeira difusão dos ensinamentos de Zaratustra e uma grande reforma religiosa.

Templo do Fogo, no Irã [antiga Pérsia]

Logo em seguida, a corte real seguiu os passos do rei.
O profeta pôde finalmente começar sua obra e fez construir, diante das portas da capital, o Templo do Fogo. No altar ao ar livre, os sacerdotes cantavam hinos e doutrinavam as pessoas. Não era mais necessário sacrificar animais para conseguir a graça divina. Bastava ser honesto e trabalhador.

Mas logo os sacerdotes começaram a se rebelar: queriam voltar à antiga religião. Começou uma grande guerra em que Vistapa foi morto e Zaratustra perdeu seu protetor. No combate final, o profeta foi surrado com bastões enquanto rezava no templo, diante do fogo sagrado, e não resistiu aos ferimentos: já tinha, então, mais de 77 anos. Segundo alguns relatos, o seu túmulo estaria em Persépolis.


O Fogo Sagrado que se ascendia no altar
do Templo era a representação do
próprio Ahura Mazda
O Masdeísmo chegou a ser a religião oficial da Pérsia. No império dos reis Sassânidas, principalmente no de Ardashir (227 a.C.), o chefe religioso era a segunda pessoa no Estado depois do imperador soberano, e este, inteiramente de acordo com o antigo costume, era admitido como divino ou semidivino, vivendo em particular intimidade com Ormuzd.

De acordo com a lenda, a doutrina de Zaratustra havia sido escrita com tinta de ouro em 12 mil couros de boi e estava guardada na biblioteca real de Persépolis, que foi totalmente queimada pelos soldados de Alexandre, o Grande, 200 anos depois.

Zaratustra propõe que o homem encontre o seu lugar no planeta de forma harmoniosa, buscando o equilíbrio com o meio (natural e social), respeitando e protegendo terra, água, ar, fogo e a comunidade.

Zoroastro velho
O cultivo da mente, palavras e ações boas é de livre escolha: o indivíduo deve decidir perante as circunstâncias que se apresentam, os seres humanos, portanto, possuem livre-arbítrio e são livres para pecar ou para praticar boas ações. Mas serão recompensados ou punidos na vida futura conforme a sua conduta.

Os principais mandamentos são: falar a verdade, cumprir com o prometido e não contrair dívidas. O homem deve tratar o outro da mesma forma que deseja ser tratado. Por isso, a regra de ouro do Masdeísmo é: "Age como gostarias que agissem contigo".

Entre as condutas proibidas destacavam-se a gula, o orgulho, a indolência, a cobiça, a ira, a luxúria, o adultério, o aborto, a calúnia e a dissipação. Cobrar juros a um integrante da religião era considerado o pior dos pecados. Reprovava-se duramente o acúmulo de riquezas.

As virtudes como justiça, retidão, cooperação, verdade e bondade, surgem com o princípio organizador de Deus Ascha, os homens devem ser fiéis, amar e auxiliar uns aos outros, amparar o pobre e ser hospitaleiros.

Ahura Mazda
 Essas prescrições fomentavam a temperança e não a abstinência, pois a doutrina original de Zaratustra opunha-se ao ascetismo. Era proibido infligir sofrimento a si, jejuar e mesmo suportar dores excessivas, visto o fato de essas práticas prejudicarem a alma e o corpo, e impedirem os seres humanos de exercerem os deveres de cultivar a terra e de procriar.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O CULTO DE HÉCATE NA ERA MODERNA SEGUNDO AS NOVAS TRADIÇÕES NEO-PAGANISTAS

Na antiguidade mais remota, Hécate foi tida como uma das mais poderosas deusas, mas depois, com a queda do matriarcado e o domínio da sociedade por parte da figura masculina, ela foi se tornando uma deusa cada vez mais obscura, mais temida do que venerada.

Mais tarde, com o advento do cristianismo, mais ainda se acenturam esses aspectos obscuros, e ela passou a ser vista principalmente como uma deusa "infernal".
LILITH

De acordo com a tradição cristã popular [não bíblica], Hécate já foi associada a Lilith, uma espécie de mulher demônio, segundo alguns, a primeira mulher a ser criada, antes mesmo de Eva, mas tão cruel que foi banida para o inferno, onde se tornou a esposa de um demônio [um dos anjos decaídos] e  amante e preferida do próprio Lucifer, ou, mais simplesmente, o demônio em forma de mulher.

Essa assossiação se deu ao fato da campanha nos primeiros anos do cristianismo em transformar e reduzir os antigos deuses a demônios, e particularmente os mais antigos foram o que mais facilmente foram assimilados a essa imagem.

Resultado das revoluções sócio-religiosas ao longo dos anos e de uma visão tendenciosa, fruto e vários séculos de perseguição e opressão religiosa, essa assossiação na verdade pouco tem haver com as verdadeiras origens e o culto original da deusa.

Alguns cultos neo-paganistas, contudo, hoje em dia procuram resgatar a verdadeira essência dessa deusa ancestal, restituindo-lhe a divindade perdida.

Para seus seguidores modernos Hécate é a deusa que transmite o poder de olhar para três direções ao mesmo tempo. Esta deusa sugere que algo no passado está amarrando o presente e prejudicando planos futuros.

É conhecida como uma Deusa "escura" por seu poder de afastar os espíritos maléficos, encaminhar as almas e usar sua magia para a regeneração.

Invocava-se a sua ajuda em seu dia (13 de Agosto) para afastar as tempestades que poderiam prejudicar as colheitas, segundo a visão dos antigos.

Já na aniga Grécia Hécate era considerada a patrona das sacerdotisas, Deusa das feiticeiras, sendo esta a principal característica que mantém nos tempos modernos, sendo portanto, a patrona das bruxas.

Mas é importante lembrar, naturalmente, que o conceito de bruxa para os neo-paganistas da era moderna difere muito da visão propagada desde os primeiros anos do cristianismo como sendo servas do demônio, criaturas maléficas cujo único objetivo é espalhar o mal e destruir o trono de Deus.
A bruxa moderna é aquela que vive em sintonia com as forças da natureza e de acordo com suas leis, está em contato com forças divinizadas e os elementais da água, do ar, da terra e do fogo, possui conhecimentos de magia e os aplica no dia a dia para estar em maior harmonia com as forças da criação. A idéia de que esses conhecimentos possam ser usados para o mal e para prejudicar outras pessoas, é abominada por aquelas que realmente compreendem a grandeza desses poderes e sabe fazer uso deles com sabedoria.

Hécate é associada à cura, profecias, visões, magia, Lua Minguante, encantamentos, livrar-se do mal, riqueza, vitória, sabedoria, transformação, purificação, escolhas, renovação e regeneração. A princípio, mas não exclusivamente, é uma divindade das mulheres, tanto para cultuar como para pedir auxílio, e também para temer caso alguém não esteja com sua vida espiritual em ordem ou faça mal uso dos poderes da magia.

É também a deusa dos caminhos, dando à humanidade novos caminhos a serem seguidos. Deusa forte e poderosa por excelência. Era a padroeira das Bruxas e em alguns lugares da Tessália, cultuada por grupos exclusivos de mulheres sob a luz da Lua.

Por muito tempo perdeu-se o seu real significado e origem e preservou-se apenas o medo incutido pela igreja cristã em relação ao nome e atuação de Hécate. Essa poderosa Deusa com múltiplos atributos foi considerada um ser maléfico, regente das sombras e fantasmas, que trazia tempestades, pesadelos, morte e destruição, exigindo dos seus adoradores sacrifícios lúgubres e ritos macabros, mas os atuais cultos neo-paganistas da era moderna vêm desmistificar as distorções patriarcais e cristãs e contribuir para a revelação das verdades milenares sobre essa deusa pré-helênica, cultuada originariamente na Trácia e depois encorporada aos mitos da Grécia Antiga, e então finalmentre sincretizada com a deusa Trívia dos romanos.

 ”Senhora das encruzilhadas” - dos caminhos e da vida - e do mundo subterrâneo, Hécate é um arquétipo primordial do inconsciente pessoal e coletivo, que nos permite o acesso às camadas profundas da memória ancestral.

É representada no plano humano pela xamã que se movimenta entre os mundos, pela vidente que olha para passado, presente e futuro e pela curadora que transpõe as pontes entre os reinos visíveis e invisíveis, em busca de segredos, soluções, visões e comunicações espirituais para a cura e regeneração dos seus semelhantes.

Filha dos Titãs estelares Astéria e Perses, Hécate usa a tiara de estrelas que ilumina os escuros caminhos da noite, bem como a vastidão da escuridão interior. Neta de Nyx, deusa ancestral da noite, Hécate também é uma “Rainha da Noite” e tem o domínio do céu, da Terra e do mundo subterrâneo.

“Senhora da magia” confere o conhecimento dos encantamentos, palavras de poder, poções, rituais e adivinhações àqueles que A cultuam, enquanto como “Guardiã dos sonhos e das visões”, tanto pode enviar visões proféticas, quanto alucinações e pesadelos se as brechas individuais permitirem.

É também a “Rainha dos mortos”, condutora das almas e sua guardiã durante a passagem entre os mundos, mas Ela também rege os poderes de regeneração, sendo invocada no desencarne e nos nascimentos para garantir proteção e segurança no parto, vida longa, saúde e boa sorte. Ela cuida das crianças durante a vida intra-uterina e no seu nascimento, assim como fazia sua antecessora egípcia, a parteira divina Heqet.

Possuidora de uma aura fosforescente que brilha na escuridão do mundo subterrâneo, Hécate é a guardiã do inconsciente e guia das almas na transição, enquanto as duas tochas apontadas para o céu e a terra, iluminam a busca da transformação espiritual e o renascimento.

Como deusa lunar Hécate rege a face escura da Lua, enquanto Ártemis é associada com a lua nova e Selene com a lua cheia.

No ciclo das estações e das fases da vida feminina Hécate forma uma tríade divina que representa a donzela, a mãe a a anciã, detentora de sabedoria, padroeira do inverno, da velhice e das profundezas da terra.

Hécate é protetora dos viajantes e guardiã das encruzilhadas de três caminhos.

Suas insígnias são a tocha que ilumina o caminho; a chave, que abre os mistérios; a corda, que tanto conduz as almas como também representa o cordão umbilical do nascimento; a foice, que corta as ilusões e os medos.

As deturpações das verdadeiras qualidades dessa deusa durante a transição das antigas religões para  cristiansmo levaram à perseguição, tortura e morte pela Inquisição de milhares de “protegidas de Hécate”, curandeiras, parteiras e videntes, mulheres “suspeitas” de serem Suas seguidoras e acusadas como bruxas.
No intuito de abolir qualquer resquício do Seu poder, Hécate foi caricaturizada pela tradição patriarcal como uma bruxa perigosa e hostil, à espreita nas encruzilhadas nas noites escuras, buscando e caçando almas perdidas e viajantes com sua matilha de cães pretos. As imagens horrendas e chocantes são projeções dos medos inconscientes masculinos perante os poderes “escuros” da Deusa, padroeira da independência feminina, defensora contra as violências e opressões das mulheres.

No atual renascimento das antigas tradições da Deusa compete aos círculos sagrados femininos resgatar as verdades milenares, descartando e desmascarando imagens e falsas lendas que apenas encobrem o medo patriarcal perante a força mágica e o poder ancestral feminino.

A conexão com Hécate representa um valioso meio para acessar a intuição e o conhecimento inato, como também ajuda a compreender e aceitar a passagem inexorável do tempo e transmutar nossos medos perante o envelhecimento e a morte.

Ela detém a chave que abre a porta dos mistérios e do lado oculto da psique; Sua tocha ilumina tanto as riquezas quanto os terrores do inconsciente que precisam ser reconhecidos e transmutados, trazendo a luz para a escuridão e revelando o caminho da renovação.

Para uns era filha de Perseu e Asteria e mãe de Scyylla, para outros era filha de Nyx, a noite. Alguns historiadores dizem que ela era apenas uma das Fúrias e que ganhou proeminência com o tempo.

Historicamente, Hécate é uma Deusa que se originou nos mitos dos antigos karianos, no sudoeste da Asia menor, e foi assimilada na religião grega a partir do seculo 6 a.C.

Hécate foi adotada pela mitologia Olimpica após os Titãs serem derrotados, e seu culto perdurou entre os gregos até tempos tardios. Era considerada tão importante que os gregos acreditavam que o proprio Zeus lhe rendia culto e oferendas.

Existiram pouquíssimos Templos dedicados a Hécate e os poucos que foram encontrados são de escassa informação ou não totalmente documentados. Muitos dos Santuários devotados a Ela eram pequenos e não tinham grandes ou preciosos materiais.

Existem estátuas que a representam, mas são quase todas copias romanas e é difícil saber o quão fiéis elas sejam das originais.

Desde a antiguidade o culto a essa deusa possuía fortes componentes místicos, ligando-a a Magia. O antigo costume grego de deixar alimento à porta dos pobres para alcançar as bençãos dessa deusa, pode ser hoje substituído pela contribuição para a alimentação de pessoas menos favorecidas ou pela distribuição de cestas básicas.

Outras formas particularmente modernas de venerar esta Deusa incluem o estudo da magia e a apreciação de coisas estranhas e assustadoras, tais como passeios noturnos em locais sombrios, como cemitérios, por exemplo, já que é uma deusa ligada à morte e ao renascimento.

domingo, 29 de abril de 2012

HECATE



A deusa Hecate ou Hécate (em grego antigo: Εκάτη, Hekátē) é mais comumente dada como filha dos titãs Perses e Astéria (Noite-Estrelada), mas como todos os mitos mais antigos, as lendas não são muito claras, devido à escassez de registros escritos e documentos, e em alguns mitos ela aparece como filha de Tártaros e Nyx; ou, mais raramente, de Zeus e Hera, o que não faz muito sentido, justamente por se tratar de um mito tão antigo, provavelmente anterior aos deuses do Olimpo. Mas aparentemente não tão antigo quanto os primeiros deuses ligados à criação, pois há fortes indícios que seu culto não se iniciou na Grécia, mas depois foi incorporado aos mitos gregos, portanto a versão mais aceita é a primeira: Perses e Astéria.
Hécate, em grego, significa "a distante”, embora alguns atribuam a origem do nome à palavra egípcia Hekat que significaria "Todo o poder", já que supostamente Hécate teria se originado em mitos do sudoeste asiático e posteriormente assimilada para a religião greco-romana.
Ela enviava aos humanos os terrores noturnos e aparições de fantasmas e espectros. Também era considerada a deusa da magia e da noite, mas somente em seus aspectos mais terríveis e obscuros.
Era associada a Ártemis, mas havia a diferença de que Ártemis representava a luz lunar e o esplendor da noite. Também era associada à deusa Perséfone, a rainha dos infernos, ou seja, o Tártaro, lugar onde Hécate vivia acompanhada por uma matilha de lobos. Os gregos chamavam-na de A Megera dos Mortos.
Nos mitos Hecate está sempre relacionada com feitiços e obscuridade, portanto, os magos e bruxas da Antiga Grécia lhe faziam oferendas com cachorros e cordeiros negros no final de cada lua nova.
Era representada com três corpos e três cabeças, ou um corpo e três cabeças. Levava sobre a testa o crescente lunar (tiara chamada de pollos), uma ou duas tochas nas mãos e com serpentes enroladas em seu pescoço.
Era uma deusa muito temida, pois se tratava de uma poderosa bruxa por quem até mesmo os deuses do Olimpo tinham temor. Quando aconteceu a fusão entre os mitos gregos com os da Antiga Roma, quando esta dominou a Grécia, os romanos assimilaram Hécate a Trívia, deusa das encruzilhadas, embora a relação dada entre ambas não seja tão perfeita como em outros casos da mitologia.
Hécate se uniu primeiramente com Fórcis e foi mãe do monstro Cila e depois com Aestes [ou Eetes], de quem gerou a feiticeira Circe. Em outros mitos, Cila era uma ninfa que foi transformada por Circe num monstro marinho.
O cipreste estava associado a Hécate. Seus animais eram os cachorros, lobos e ovelhas negras.
Suas três faces simbolizam a virgem, a mãe e a senhora. Eram esses os aspectos que podia assumir, cada um deles ligado a uma das três fases da lua (na antiguidade grega só se atribuíam à lua três fases).
Hecate era associada tanto ao bem quanto ao mal. Na forma de anciã, inspirava medo e terror, era tida como malévola, cruel e inflexível, mas como donzela e mãe lhe eram atribuídas outras qualidades e lhe chamavam “a mais amável”.
Nos mitos, seu papel foi sempre secundário. Participou da Titanomaquia (a guerra entre os deuses olimpianos e os Titãs) como aliada de Zeus, embora dois dos Titãs fossem seus pais. Foi tão valiosa a sua ajuda, que
Zeus não se poupou na recompensa e concedeu-lhe uma devida parte em todos os domínios, oferecendo-lhe poder sobre a terra, o céu e o mar e, até, sobre o submundo que a Deusa tornou a sua moradia. Era, portanto uma divindade tripla: lunar, infernal e marinha. Os marinheiros consideravam-na sua deusa titular e pediam-lhe que lhes assegurasse boas travessias.


Hécate ajudou Deméter a procurar sua filha Perséfone quando esta foi raptada por
Hades e combateu Hércules quando ele tentou enfrentar Cérbero, o cão de três cabeças que toma conta dos portões do Tátaro e que faz companhia a ela no mundo subterrâneo.
De Todos os animais que lhe eram consgrados, os cães eram os seus preferidos, daí o motivo dela enfrentar Hércules tentando proteger Cérbero.


Apesar de ter escolhido o Tártaro como sua moradia, durante a noite ela ainda sai do submundo e caminha pelo nosso mundo, fazendo-se acompanhar do seu séquito de fantasmas e anunciada pelo ladrar dos cães, os seus animais mais queridos. Por sua constante presença na Terra e por acreditarem que durante seus passeios noturnos ela podia ser vista por aqueles que viajavam durante a noite, ela era considerada, entre todos os deuses, a que vivia mais próxima dos homens, apesar do signifcado de seu nome [a distante].


Hecate era a mais antiga forma grega da Deusa Tríplice, uma divindade Noturna da vida e da morte. Possuía títulos como “Rainha do Mundo dos Espíritos”, “Deusa da Bruxaria”, Deusa da Lua Minguante, guardiã das encruzilhadas, senhora dos mortos e rainha da noite.
Ela era homenageada com procissões em que se carregavam tochas e oferendas para as conhecidas "ceias de Hécate".
Lendas de Hécate eram contadas por todo o Mediterrâneo. Especialmente para os trácios, Hécate era a Deusa da Lua, das horas de escuridão e do submundo. Parteiras eram ligadas a ela, pois os gregos e trácios acreditavam que ela controlava o nascimento, a vida e a morte.
Segundo essas lendas, Hecate era cultuada pelas guerreiras amazonas como a Deusa da Lua Nova, uma das três faces da Lua, a regente do
Submundo, e conduzia uma carruagem puxada por dragões. Era uma deusa caçadora que sabia de seu papel no reino dos espíritos e todas as forças secretas da Natureza estavam sob o seu controle. Todos os animais selvagens lhe eram consagrados e por isso algumas vezes era representada com três cabeças de animais.


Outros de seus símbolos eram a chave e o caldeirão. As mulheres que a cultuavam normalmente tingiam as palmas de suas mãos e as solas dos pés com hena.
Seus festivais aconteciam durante a noite, à luz de tochas. Anualmente, na ilha de Aegina, no golfo Sarônico, acontecia um misterioso festival em sua honra.
Um de seus animais sagrados era a rã, um símbolo da concepção. Outro animal sagrado era o cão.
Era chamada de A Deusa das Transformações, pois regia várias passagens da vida, e podia alterar formas e idades.
Hécate era considerada como o terceiro aspecto da Lua, a Megera ou a Anciã (Portadora da Sabedoria).
No início, Hécate não era uma Deusa ruim. Após a queda do matriarcado, os gregos a cultuavam como uma das rainhas do Submundo e governante da encruzilhada de três caminhos.
É uma Deusa que tem inúmeros atributos e provavelmente seja a menos compreendida da mitologia grega.
Ela não reina apenas sobre a bruxaria e a morte, mas também sobre o nascimento, o renascimento e a renovação.
Em tudo o que se refere a essa deusa existe sempre a triplicidade, por isso ela possuia diferentes títulos e atributos. Como Perseis, a destruidora, ela inspirava medo e terror, no entanto, em seu aspecto de Atalos, a delicada, era vista como uma divindade doce e protetora, zelava pelos homens e livravá-os de roubos e assassínios, e ajudava as crianças a atravessar os perigosos anos da infância sem grandes problemas.
[Obs.: É historicamente provado e registrado que na antiguidade a mortandade infantil era muito grande, devido a diversos fatores, como por exemplo piores condições de vida, mas principalmente devido aos parcos recursos da medicina naquela época, o que fazia muitas crianças perecerem de diversas doenças antes de chegarem a idade adulta, por isso o período da infância era considerado um dos mais perigosos e difíceis de se atravessar.]

 Como Skylakagetis, ela era a Senhora dos cães, sua protetora, e fazia-se sempre acompanhar por um enorme cão negro. No Passado esse cão havia sido Hécuba, esposa do Rei Príamo de Tróia, pai de Heitor e Alexandre (ou Páris para os gregos), mas também de Polidomus, que era  filho mais novo de Hécuba e Príamo. Hécuba encontrou Polidomus esfaqueado, ainda bebê, pelo rei da Trácia, por casião da invasão de Tróia. Possuída pela dor e desesperp de ver o filho morto, Hécuba matou o assassino e atirou-se da torre, mas os Deuses tiveram pena dela e antes que tivesse atingido o chão transformaram-na num cão que Hécate imediatamente adotou e consevava sempre em sua companhia.
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Representação moderna de Hecate


Hécate era evocada pelos gregos para protegê-los dos perigos e das maldições, e para tanto havia na entrada de cada casa um altar em que lhe eram feitas libações. Havia também altares nos cruzamentos onde era costume deixar comida para os pobres, e todos os meses, na noite sem lua, os gregos, pelo menos os atenienses, celebravam esta deusa deixando uma oferta de comida para os pobres em frente à porta de suas casas.


Hécate, portanto, tinha um lado tão benéfico e generoso, quanto outro sombrio e assustador, mas foi provavelmente graças à campanha cristã em transformar os antigos deuses em demônios, que se acentuaram seus aspectos obscuros e a forma como esse mito é interpretado e visto nos dias de hoje.

REPRESENTAÇÕES CLÁSSICAS DA DEUSA:


































OUTROS MITOS LIGADOS A HECATE:
Seus pais: os Titãs Perses, o destruídor, e Astéria, a noite estrelada. Sendo filha de Perses, Hécate, em um de seus aspectos, ficou também conhecida como Perseis, a destruidora  [Não confundir com a oceânide Perseis, que era uma das filhas de Oceanus].
Nyx, a noite, foi a  mãe de todos os Titãs, portanto, avó de Hécate, mas em alguns mitos aparece como sua mãe.
As duas deusas estão tão intimamente ligadas, mas como se fossem opostos uma da outra, que muitas vezes Ártemis é cofundida como uma das faces de Hécate, no caso a virgem, mas na verdade são duas deusas distintas. Enquanto Ártemis representa a luz da lua e o esplendor da noite, e vive no Olimpo, ou seja, nas alturas, Hécate é o lado escuro da lua e vive no submundo, o mundo dos mortos, que os gregos acreditavam ficar no subsolo da Terra. Ambas também são caçadoras.

Perséfone era outra divindade que era sempre associada a Hecate, pois ambas dividem o título de senhoras do submundo, Hécate por direito e antiguidade e devido á sua própria natureza, pois atua tanto sobre a vida como sobre a morte, e Perséfone na qualidade de esposa de Hades, Senhor absoluto do Tátaro, que lhe coube quando, após derrotar os Titãs, os três deuses mais poderosos dividiram entre si o mundo: Os céus e a Terra para Zeus, os mares e oceanos para Poseidon, o Mundo os Mortos para Hades. Quando Hades sequestrou Perséfone para casar-se com ela, enquanto ela colhia flores na Terra, foi Hécate que ajudou a localizá-la. Deméter, mãe de Perséfone, ficou inconsolável e pediu a intervenção de Zeus. Fez-se um acordo, então, no qual Perséfone passaria metade do ano no Olimpo na companhia de sua mãe e a outra metade vivendo no Tártaro, junto a seu esposo, período esse em que Hécate se faz presente como sua amiga e companhia. A forte ligação entre essas deusas fez que Pérsefone também fosse confundida com o aspecto mais jovem de Hécate, sendo Deméter a mãe e Hécate propriamente dita a anciã, como se essas três deusas se juntassem para formar uma trindade. Mas essa interpretação também é errada, talvez causada pela dificuldade da mente moderna em assimilar Hécate como uma deusa tríplice, porém única, ou seja três em uma só, o que provavelmene causou a idéia errônea de que na verdade seriam três deusas distintas, porém interligadas.


Trívia era a deusa romana que correspondia à Hécate dos gregos. Com o sincretismo entre as duas mitologias, passaram a ser cultuadas como uma única deusa.

Fórcis era um deus marinho, filho de Pontos, o mar, e Gaia, a terra. Da união de Fórcis e Hécate nasceu o monstro Cila. De acordo com alguns mitos, Cila não nasceu monstruosa, mas era uma ninfa que a feiticeira Circe transformou em um monstro marinho.

Eetes foi um rei lendário da Cólquida, atual Geórgia. Ele era filho de Hélios [sol ou luz do sol] e Perseis, que era uma das oceânides, filhas de Oceanus. Eetes, às vezes também chamado Aestes, era neto dos Titãs Hiperião [ou Hiperion] e Teia, por parte de pai, e de Oceanus e Tétis por parte de mãe. Existem diferentes versões sobre esse mito. Numa dessas versões Eetes se uniu a Hécate e dessa união nasceu a feiticeira Circe, que transformava homens em animais, preferencialmente porcos. Em outra versão Circe não é sua filha, e sim sua irmã, portanto filha também de Hélios e Perseis. Mas em ambas as versões Eetes está ligado a Hécate, pois posteriormente veio a casar-se com a ninfa Asterodia, sua primeira esposa, que de a luz a Calcíope e Medéia.
Medéia veio a tornar-se uma poderosa feiticeira, e como tal, seguidora de Hécate, que é a deusa da magia, mentora e protetora dos magos e bruxas. Circe e Medéia são as mais célebres feiticeiras da mitologia grega, ambas devotas e seguidoras de Hécate, a quem provavelmente deviam seus grandes poderes.


A Rainha Hécuba, esposa de Príamo, rei de Tróia, depois de matar o assassino de seu filho mais jovem, esfaqueado ainda bebê em seu berço, atirou-se de uma torre, mas os deuses se apiedaram e a transformaram num enorme cão negro antes que tocasse o chão, Hécate, então a acolheu e e passou a trazê-la sempre em sua companhia.