MITOLOGIAS MUNDIAIS E CONCEITOS

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Kemetismo

ANKH 
Antigo símbolo egípcio,
adotado atualmente como
símbolo do kemetismo
Kemetismo é uma das diversas religiões "neo-paganistas" da atualidade.

É cada vez mais comum pessoas do mundo inteiro se voltarem para antigas práticas religiosas, anteriores ao cristianismo. O Kemetismo é a religião que resgata o culto aos antigos deuses egípcios.

O Kemetismo tem diferentes vertentes. Uma delas é a religião desenvolvida nos Estados Unidos em 1988 por Tamara Siuda. Esta vertente cultiva as crenças e práticas da antiga religião egípcia adaptadas aos tempos atuais, sendo considerada uma religião revivalista e de matriz africana. Também chamada de Ortodoxia Kemética, a religião cultiva todos os aspectos da religião do Antigo Egito, sendo, portanto, uma religião monólatra, ou seja, acredita-se em vários deuses, porém, que partem de somente uma força divina.

ESTÁTUA DE ISIS
Uma das principais deusas da mitologia egípcia,
nos diasde hoje cultuada pelos Keméticos contemporâneos.
Essa "força divina" é Netjer, sendo os antigos deuses egípcios como Rá, Ísis, Osíris e Anúbis aspectos ou Nomes de Netjer, usando-se os termos plurais Netjeru para os deuses e Netjeret para as deusas.

O Kemetismo se desenvolveu na década de 1970, com a ascensão do neopaganismo nos Estados Unidos. Tamara Siuda, em um ritual de iniciação wiccan recebeu uma visão na qual, alegou ter sido chamado pelos antigos deuses egípcios para reviver sua adoração. Tamara abandonou a wicca para estudar a adoração na antiga religião egípcia com alunos em 1988, nascendo a Ortodoxia Kemética que é a principal e oficialmente reconhecida religião kemética, sendo representada no Parliament of World Religions na Cidade do Cabo, África do Sul em 1999.


Tamara Siuda
Fundadora e principal
líder do kemetismo.
Três grupos keméticos modernos possuem relação histórica com a Ortodoxia Kemética, são eles: Akhet Hwt-Hrw, Per Ankh e Per Heh.

A Ortodoxia Kemética não considera-se uma verdade filosófico-religiosa absoluta, considerando e respeitando todas as outras verdades filosófico-religiosas como igualmente válidas e, como consequência disso, a Ortodoxia Kemética rejeita o proselitismo religioso.

O nome Kemetismo vem de kemet, que significa Terra Negra, sendo a forma de como o Egito era chamado na época dos faraós.

Os cinco pilares da Ortodoxia Kemética
A Ortodoxia Kemética baseia-se em 5 pilares:
• Ma'at: a justiça, a verdade, a ordem e o equilíbrio
• Netjer: a força divina, da qual os Deuses (Netjeru) e Deusas (Netjeret) são aspectos ou Nomes
• Akhu: os ancestrais
• Nisut: o líder espiritual e administrativo
• A Comunidade, praticante da religião.

A Ortodoxia Kemética possui dois tipos de prática: a Prática Estatal, que consiste na realização de rituais e celebrações por sacerdotes específicos, do jeito mais fiel possível aos que os antigos sacerdotes egípcios faziam, e a Prátca Pessoal.

Ritual kemético contemporâneo.
Na Prática Estatal também são celebrados os mesmos festivais formais que eram celebrados na Antiga religião egípcia, tudo sob o controle e orientação dos sacerdotes, e são justamente essas formalidades fieis às formalidades antigas que dão o caráter "ortodoxo" da religião, que conta inclusive com um calendário kemético, sendo a celebração mais importante o Wep Ronpet que é o ano novo kemético, que acontece geralmente entre em Julho e Agosto quando começa a cheia do rio Nilo.

Já a Prática Pessoal, consiste em altares pessoais que os fieis fazem e ali realizam seus rituais diários, orações, adorações espontâneas, etc, além de suas próprias experiências cotidianas com a espiritualidade kemética.

A Ortodoxia Kemética possui uma rígida hierarquia, a saber:

Altar doméstico
• Iniciantes: São aqueles que foram admitidos na classe de iniciantes, onde aprendem tudo sobre a religião e tem seu primeiro contato com a comunidade kemética, sendo ensinados, orientados e auxiliados por sacerdotes. Após o término da classe de iniciantes, a pessoa pode decidir tornar-se um Remetj caso tenha identificado-se com a religião, ou pode recusar caso não tenha identificado-se.

• Remetj: São aqueles que passaram pela classe de iniciantes e decidiram tornar-se membros, porém sem converterem-se totalmente.

• Shemsu: São os Remetj que decidiram comprometer-se totalmente com a Ortodoxia Kemética. Para tanto, previamente passaram pelo RPD (Rito de Divinação Parental) no qual a Nisut descobre quais Nomes de Netjer(Deuses egípcios) são os Pais divinos e Amados divinos da pessoa. Após o RPD, a pessoa decidiu ser um seguidor de seus Deuses pessoais que apareceram em seu RPD, fez juramentos e então participou da Cerimônia de Nomeação na qual seu(s) Pai(s) divino(s) lhe deram um nome espiritual, ou nome de Shemsu. Esse nome espiritual é divinado pela Nisut e é relacionado ao(s) Pai(s) divino(s) da pessoa, que então finalmente é apresentada à comunidade kemética como um novo Shemsu. No entanto, ninguém é obrigado a tornar-se Shemsu; um Remetj pode passar pelo RPD e decidir continuar como Remetj.

No Kemetismo o natal e comemorado
como aniversário de Hórus, nascido nesta
data de uma virgem, Isis, 3 mil anos
antes do cristianismo se apropriar desta
data e atribuí-la a Jesus Cristo.
• Shemsu-Ankh: São todos os Shemsu que decidiram dedicar boa parte de seu tempo à comunidade da religião, passando por novos ritos de passagem e juramentos especiais à fé como o Weshem-ib que significa "pesagem do coração", podendo então desempenhar alguma função coletiva e ou serem ordenados em sacerdócios específicos como o sacerdócio W'ab e o sacerdócio Imakhu.

• Nisut: É o líder espiritual e administrativo, função que no passado era desempenhado pelo faraó, e atualmente desempenhada pela própria fundadora da religião, Tamara Siuda, que é também egiptóloga, trazendo conhecimento científico para basear a fé, os ensinamentos, os ritos e a estrutura da Ortodoxia Kemética. Seu título simplificado como Nisut é Hekatawy I. Obs: ela não é considerada um faraó e nem infalível, tampouco uma divindade, como eram considerados os faraós do antigo Egito.