MITOLOGIAS MUNDIAIS E CONCEITOS

quarta-feira, 21 de março de 2012

MITOLOGIA PERSA


A principal coletânea da mitologia persa é o
Shahnameh de Ferdowsi, escrito mil anos atrás.
A mitologia persa é a reunião de crenças e práticas do povo que habitava o Planalto do Irã e suas imediações, como áreas da Ásia Central do Mar Negro ao Hotan (a moderna Hetian, na China) e tinha origens linguísticas e culturais comuns. Sua essência é a da existência de dois princípios básicos em guerra entre si. Suas fontes estão no Zoroatrismo e no Masdeísmo.
Estátua de Ferdowsi,
autor do Shanameh,
principal fonte  de pesquisa
sobre a mitologia persa.
A principal coletânea da mitologia persa é o Shahnameh de Ferdowsi. Este livro foi escrito há mil anos atrás somente, mas remontam a pesquisas e estudos históricos e arquelógicos de lndas  mitos que datam de pelo menos cinco mil anos, ou seja, pelo menos de 3000 AC, e tem por base as histórias e personagens do Zoroastrismo e do Masdeísmo, não apenas o Avesta, mas também o Bundahishn e o Denkard.

A mitologia persa é ao mesmo tempo muito próxima e diferente da mitologia hindu. Elas são próximas, porque os iranianos são um povo indo-europeu cuja língua tem grande semelhança com o sânscrito e foram um povo que estabeleceu constantes relações com os arianos da Índia. E são diferentes, pois a religião dos antigos persas adquiriu um aspecto mais moral que mitológico. Mas os persas costumavam matar peixes para viver.
Ahura Mazda
[antigo alto relevo]
Os personagens da mitologia persa podem, em sua maioria, ser classificados em dois tipos: os bons e os maus. Isso espelha o antigo conflito baseado no conceito do zoroastrismo da dupla origem em Ahura Mazda (em avéstico, ou Ormuzd em persa tardio). Spenta Mainyu é a fonte da luz, da fertilidade e das energias construtivas, enquanto Angra Mainyu (ou Ahriman em persa) é a fonte da escuridão, da destruição, da esterilidade e da morte.

Ormuzd é o mestre e criador do mundo. Ele é soberano, onisciente, deus da ordem. O Sol é seu olho, o céu suas vestes bordadas de estrelas. Atar, o relâmpago, é seu cílio. Apô, as águas, são suas esposas. Ahura Mazda é o criador de outras sete divindades supremas, os Amesha Spenta, que reinam, cada um, sobre uma parte da criação e que parecem ser desdobramentos de Ahura Mazda.
Representação mais comum e conhecida de
Ahura Mazda,
também conhecido como Ormuzd 

Sob Ahura Mazda e os seis Amesha Spenta a mitologia persa coloca, como divindades benéficas: "Mitra", o mestre do espaço livre; Tistrya, o deus das trovoadas; Verethraghna, o deus da vitória; ela admitia, além disso, um grande número de deuses do mesmo elemento, os Izeds.
Angra Mainyu

Angra Mainyu
Assim como Ahura Mazda estava cercado por seis Amesha Spenta e de outras divindades, Angra Mainyu (Ahriman) — o deus malfazejo que invade a criação para perturbar a ordem e que é concebido como uma serpente — é acompanhado de seis demônios procedentes das trevas cósmicas e de um grande número de outras divindades malignas.

Concepção menos
antiga de
Angra Mainyu,
também chamado
Ahriman
Além disso, Angra Mainyu, epítome do mal no Zoroastrismo, perdeu sua identidade zoroastrista e masdeísta original na posterior literatura persa sendo finalmente descrito como um Dev.

Representações religiosas de Angra Mainyu posteriores a conquista islâmica mostram-no como um gigante com o corpo manchado e dois chifres.

Devs, ou Devis, estão entre os mais antigos
mitos da Mitologia Persa. Eram inicialmente
entidades celestiais, e havia, diversas dessas
entidades. Mais tarde passaram a ser
associadas com demônios.
Os Devs (avéstico, persa: div), significando celestial ou radiante são muito comuns na mitologia persa. Estes seres eram adorados no Zoroastrismo anterior à difusão do Masdeísmo na Pérsia e, como nas religiões védicas, os adeptos do zoroastrismo consideravam os devs seres sagrados. Somente após a reforma religiosa de Zaratustra o termo dev foi associado com demônios. Mesmo assim os Persas que habitavam a região ao sul do Mar Cáspio continuaram a adorar os devs e resistiram à pressão para aceitar o Zoroastrismo e as lendas em torno dos devs sobreviveram até os dias atuais. Por exemplo, a lenda do Dev-e Sepid (Dev branco) de Mazandaran.

segunda-feira, 12 de março de 2012

DEUSES PRIMORDIAIS DA MITOLOGIA AFRICANA

Deuses primordiais é um termo que se refere aos primeiros deuses, anteriores à própria criação e responsáveis por ela. Em todos o tempos e eras, a humanidade sempre acreditou num ser primodial, o "grande criador", que deu origem primeiro a si mesmo e depois ao universo, ao mundo e por fim ao próprio homem.

O grande problema no estudo desses mitos, é que são tão antigos, tanto quanto a própria humanidade, datando desde quando o homem começou a se organizar em grupos e sociedades, que ao longo dos tempos muitas vezes sua concepção orginal vai se modificando a cada período histórico. Outra grande dificuldae é a falta de registros escritos, pois esses mitos tem sua origem desde a pré-história, de forma que muitas vezes o que se sabe deles foi estudado, pesquisado e concluído eras depois.

Na mitologia Africana em particular essa difculdade é talvez ainda maior e ainda mais marcante.
OLORUN
Os estudos e registros mais importantes e detalhados datam mais ou menos do século dezenove apenas, antes disso o conhecimento, a cultura e até a mesma a religião eram passadas verbalmente, o que por si só já bastaria para que esses mitos fossem se modificando ao longo do tempo; mais tarde então, quando o povo africano foi colonizado pelo europeu e se espalhou pelo mundo traficados como escravos, sua cultura original geralmente mesclou-se de alguma forma à cultura do país ou região onde ficaram confinados ou a de seus colonizadores.

Embora haja muitas interpretações e versões diferentes, de acordo com o país ou tribo de origem, um ponto em comum pode ser observado, o primeiro grande deus, a força primordial, esse todos concordam que seja Olorun.

Na verdade, seriam, três deuses considerados como forças primordiais e "criadores": Olorun, Odudua e Obatalá.

Quando existia somente o nada, o vazio, quem primeiro surgiu foi Olorun, em seguida ele criou o Orun e o Aiye, ou seja, o céu e a terra.

Mas aqui já começam as divergências, alguns dizem que ele primeiro criou, ou gerou, o segundo ser, o que veio logo após ele mesmo, que seria Odudua, e aí ele e Odudua criaram juntos o universo e o mundo, e tudo o que há nele.
OBATALÁ

Orun é o céu, portanto Olorun seria o Dono do Orun (dono do céu), ele é o grande criador, o "Deus Pai Criador" de tudo e de todos.

Embora reconhecido e louvado como Único e Soberano, não existe templo individual para Ele.
Olorun é o ser imaterial, invisível e eterno, a vontade suprema que criou e governa todas as coisas.

A exemplo de deuses de outras mitologias, Olorun é conhecido por diferentes nomes, entre estes Olodumarê.
De acordo com um dos mitos da criação yoruba, Olorun, ou Olodumare, delegou os poderes de criação do Aiye (terra) para seu primeiro e mais velho filho, Orisanla (Orixalá) ou Obatalá.

Segundo alguns mitos Olorun gerou a partir de seu próprio corpo, como se fosse uma espécie de bipartição, os seres seguintes, que seriam Odudua e Obatalá.
ODUDUA

Odudua é visto normalmente como uma entidade masculina, mas nos mitos mais antigos, era uma entidade feminina. Segundo alguns Odudua era uma deusa, uma das forças primordiais do universo, mas também existiu na terra, em seus primórdios, um grande guerreiro, rei de seu povo, chamado também Odudua, que seria de fato o lado humano da própria Odudua, portanto o próprio, ou a própria, Odudua. Ou seja, Odudua em sua forma divina primordial seria de fato uma deusa, mas ao se manisfestar na terra como ser humano, o fez na forma de homem, daí a confusão quanto ao seu verdadeiro gênero. Mas não se trata de um ser bissexuado, e sim de um único ser com duas diferentes manifestações, uma puramente divina, a grande deusa-mãe africana, e outra humana, como homem, que viveu carnalmente e um dia veio a desencarnar e se divinizar novamente.

Odudua, então, de certa forma dividiu-se em dois, a grande deusa criadora do universo, e o grande guerreiro que uma vez desencarnado tornou-se também um deus.

Odudua, a deusa-mãe, surgiu a partir de Olurun, juntos eles criaram o universo e, erroneamete alguns acreditam que juntos também geraram Obatalá. Na verdade, porém, Obatalá teria surgido também a partir de Olurun, que o gerou sosinho e espontâneamente, e não de uma suposta união com Odudua.
Embora ambos tenham surgido de Olorun, Odudua não é sua filha e sim sua igual, co-participadora na criação do universo, enquanto Obatalá sim seria seu primero filho, pois Odudua teria simplesmente surgido, gerando a si mesma também, mas a partir do próprio Olorun e de seu corpo, enquanto Obatalá teria sido gerado por Olurun, mas também a partir de seu próprio corpo. A diferença é que Odudua surgiu de Olurun, mas gerou a si mesma, como se Olorun fosse dividido em duas partes iguais e distintass, e Obatalá foi gerado, ou talvez fosse melhor dizer "criado", por Olurun. Ou seja, primeiro surgiu Olurun que foi dividido em dois, surgindo assim Odudua, e por último surgiu Obatalá que foi gerado por Olorun.

Obatalá, portano, é filho de Olorun, que depois de criar o Aiye (terra), deu a seu filho os poderes e direito de gerar a vida.

Isso de certa forma fez de Obatalá o criador do mundo, pois foi ele que gerou, aliás, criou, os animais, as plantas e o homem.

Obatalá é conhecido como "O Grande Òrìsà" ou "O Rei do Pano Branco". Foi o primeiro Orixá criado por Olodumare (Olorun), é considerado o maior e mais velho dos os Orixás e conhecido como o rei de vestes brancas.
OBATALÁ
Segundo alguns, Oxalá e Obatalá, são diferentes nomes do mesmo orixá, segundo outros são orixás diferentes e distintos entre si.

Pessoalmente, pelo que pude observar, Obatalá seria uma espécie de Oxalá, porém mais velho, antigo, primordial, não mais cultuado, porém ainda reverenciado.

Nos cultos de origem africana, ao redor do mundo, os orixás comumente incorporam nos fièis, ou seja, manifestam-se nos corpos de médiuns que são preparados para este fim através e a partir de uma série de rituais de iniciação. Mas os deuses primordias, aqueles que são responsáveis pela criação do universo, do mundo e dos homens, esses não se manisfestam através de incorporação mediúnica. É o caso de Obatalá, que não dá incorporação, mas cujo mito está intimamente ligado ao de oxalá, sendo portanto, uma qualidade ou tipo de Oxalá.
Há duas qualidades de Oxalá que encorporam, o mais velho é Oxalufan, que é filho de Obatalá, e o mais novo é Oxaguian, que por sua vez seria filho de Oxalufã, o mais velho. Os "Oxalás", portanto, seriam os descendentes diretos de Olurun: Filho (Obatalá), neto (Oxalufan) e bisneto (Oxaguian).
OXALUFÃ

Esses tres seriam portanto, diferentes qualidades de Oxalá, sendo que os dois últimos são distinguidos e chamados por seus próprios nomes, Oxalufã e Oxaguiã, cujos nomes na verdade seriam contrações de Oxalá Alufan e Oxalá Aguian, já quando se fala simplesmente de Oxalá, menos comumente chamado também de Orixalá, mas sem determinar sua qualidade, na verdade estamos falando de Obatalá.
OXAGUIÃ

Como já dito, Obatalá não se manisfesta em médiuns, logo não existem templos dedicados a ele, mas todos os templos o reverenciam como um dos grandes criadores e, segundo o mito, é tão grande o seu poder que sua palavra transforma-se imediatamente em realidade.

Aliás, foi Obatalá que, ao criar o homem, deu também a ele a habilidade da fala, por isso, quando se presta homenagem a ele, não se fala, pois a palavra pertence a ele e durante suas festas guarda-se silêncio por um período de três semanas.

Obatalá representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte.

É também o reponsável pelos defeitos físicos, e é corcunda porque recusou-se a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e Èsù, que é conhecido por sua esperteza e por conseguir enganar e "aprontar" com todo mundo, castigou-o pregando-lhe a cabaça nas costas, razão pela qual Obatalá não come sal: comer sal para ele constitui um ato de alto canibalismo.

Obatalá é o filho direto de Olorum, o criador do universo.
Depois de criado o universo e a terra em específico, depois de milhares de anos Olorun resolveu dar vida a terra e enviou seu filho direto "Obatalá" para esse fim à terra que até então era composta de água.

Vindo com o saco da criação, Obatalá trouxe consigo uma galinha d'angola que foi responsável por espalhar a terra sobre as águas, dando desta maneira forma à terra sobre a água.

Depois de criar a terra, os montes e etc., Obatalá criou os vegetais, os animais e por último, usando a própria terra que ele já havia criado, com a ajuda de Nanã moldou o ser humano com o barro e então deu-lhe o sopro da vida. Como foi ele que gerou a humanidade, é comum recorrer-se a ele quando se trata de grandes problemas de saúde, pois já que deu a vida ao homem, pode também lhe restituir a saúde.

Obatalá é quem rege tudo o que é branco sobre a terra em todo sentido da palavra; Ele representa a pureza e tudo que é pertinente a esse orixá ou a ele se oferece, tem de ser obrigatoriante branco.

Seu nome é compoto por duas palavras: oba (rei) e alá (branco), e significa portanto "rei branco", o que leva muitos a crer que ele seja um orixá albino, embora na verdade seu nome parece fazer alusão de fato as cores de sua veste e não de sua pele.
Esse nome é derivado da palavra árabe Òsàlá, que é corruptela de uma palava mais antiga: inshalla, cujo significado seria mais ou menos "se Deus quiser" ou "se Deus o permitir".

Obatalá é o primeiro Orisa Funfun (orixá velho, antigo) nascido diretamente de Olorun.

Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira. Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal. Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse orisa.

De acordo com a região ou tribo, ele recebe diferentes nomes, a saber: Orisa Oluofin em Iwofin, Orisako em Oko, Orisakire em Ikire, Orisagiyan em Ejigbo, Orisaeguin em Owu, Orisajaye em Ijaye, Obatala em Oba."

Obatala e Odudua são o casal primordial, propulsores da criação. Cada um foi incumbido de determinadas funções no papel da criação de todas as coisas.
Para os antigos africanos, e ainda hoje, dentro do culto aos Orixás, o universo é visto como uma grande cabaça que representaria Odudua e Obatalá.
Odudua é considerada como a parte de baixo da cabaça e Obatalá é considerado como a parte de cima.

Pela fonética Yorubá, a grafia correta de Odudua seria na verdade 'Oduduwa', nome esse as vezes contraído para a forma mais simples de Oòdua.
O nome Odudua pode ser traduzido como a cabaça de onde jorrou a vida.

Como já foi dito acima, muitos costumam se enganar e a afirmam que Odudua seria um Orixá masculino ao invés de feminino, mas o que ocorre é uma confusão entre a divindade feminina Odudua com o ancestral iorubano divinizado Odudua, que na verdade é considerado em território africano como sendo uma forma humana da deusa Odudua, ou seja, o guerreiro legendário e a deusa Odudua seriam as mesmas pessoas.

Esta é uma visão muito ampla no que concerne à essência divina mas isso é algo que vai muito além da capacidade de aceitação de algumas pessoas e sacerdotes.
O surgimento de Odudua, bem como o de Obatalá, é muito interessante.
Diz-se que involuntariamente nos primórdios da criação, quando a única coisa existente no universo era Olorun, Odudua, a deusa, surgiu do corpo de Olorun, a grande energia primordial, assim como Obatalá e outra tantas divindades.

Foi Oduduá quem criou a terra e todo o universo como o conhecemos e, ao lado de Obatalá, possibilitou o surgimento da vida.
No Brasil Odudua é mais comumente tido como orixá masculino, aquele que após desencarnado voltou a ser uma criatura divina, mas que na verdade era a própria Odudua da criação do mundo.

Em sua forma humana Odudua foi um rei que teria vindo do leste, no momento das correntes migratórias causadas por uma invasão berbere no Egito. Segundo Pierre Verger, o maior e mais conhecido pesquisador da cultura africana, dos cultos afro-brasileiros e dos Orixás, esse fato provocou deslocamentos de populações inteiras, expulsando-se progressivamente umas às outras, em direção ao oeste, para terminar em Borgu, também chamada região dos Baribas.

O rei Oduduwa ou Oduwa, era o pai de Ogum, que se tornou um grande guerreiro, e de Oranyan, seu filho mais jovem, que foi o fundador do grande reino de Oyo, mais tarde governado por Xangô, filho de Oranyan, embora na verdade o trono devesse passar para Dadá Ajaká, que era o filho mais velho de Oranyan.

OUTRAS VERSÕES E DIVERGÊNCIAS
Verdades, cada um tem as suas. Embora os mitos como descritos acima sejam os mais aceitos e difundidos, existem outras versões, diferentes algumas, outras com apenas pequenas diferenças.
A exemplo:

a] A quem defenda que Olorun criou primeiro Obatalá, depois Odudua, por isso Obatalá é o "filho mais velho". Essa versão simplifica o mito e o coloca mais ao nível da percepção humana. Ao esquercemos que falamos de seres de natureza divina, e não humana, nos indagamos, porque Obatalá é o mais velho se foi Odudua que surgiu primeiro? Fica mais fácil de entender se fosse Obatalá o primeiro a surgir, mas isso é observar o mito sob um prisma humano, de acordo com as leis humanas e físicas, não em sua natureza divina. 

B] Alguns defendem que Obatalá não é nome porém, título. Pessoalmente acho que exprime ambas as situações, pois se fosse meramete título, outro poderia fazer jus a ele ou reinvidicar esse direito, Obatalá, contudo, é um só, jamais essa autoridade foi discutida, portanto, seja ou não título, exprime um só ser e acabou por tornar-se um dos nomes pelo qual ficou conhecido. O nome original seria Orisanla, que é aglutinação de orisa + nla, cuja tradução seria "grande" Orixá, o que de certa forma não deixa também de ser um título.

C] Noutra versão, Olorun deu origem a Odudua e Obatalá não a partir de se próprio corpo, mas apenas pela sua força de vontade, usando apenas o ar que ele inspirou e depois exalou. Ou seja, ele inspirou o ar e exalou Obatalá e Odudua. Mas isso não faria dele pai de Obatalá, nem de Odudua sua igual, sua contraparte feminina, mas os colocaria na posição de criador e criaturas.
ESU

D] Além de Odudua e Obatalá, Olorun deu origem ainda a diversas outras divindades, perto de pelo menos 50 orixás, outros ainda dizem mais de 500, muitos deles ao longo do tempo relegados ao esquecimento, outros nem sequer conhecidos.

E] A terceira criatura gerada por Olorun seria Esu, especificamente uma qualidade de exu chamada Esu Agba, que seria então o mais velho de todos os "exus", o exu ancestral de todos os outros exus que viriam depois dele. Nesta concepção, a cada um dos três foi dada uma caracteristica oposta, porém complementar. Obatalá seria a força masculina da criação, Odudua a força feminina, e Esu a força motriz capaz de levar a termo a criação. Ou seja Obatalá e Odudua se unem e se completam pra gerar a vida, Esu torna essa criação viável e concreta. Obatalá é a energia branca do universo, Odudua, reina sobre o preto, Esú sobre ambas as cores e mais ainda o vermelho, que é o sangue, a vida propriamente dita.