mitologia grega clássica, abaixo de Urano (céu), Gaia (terra) e Pontus (mar) encontra-se Tártaro, ou Tártarus (do grego Τάρταρος, lugar profundo).
Trata-se de um lugar sombrio, um poço ou um abismo usado como uma masmorra de tormento e sofrimento e que se localiza no submundo, ou seja, nas profundezas da terra.
No Górgias, Platão (c. 400 A.C.) escreveu que almas foram julgadas depois da morte e as que mereciam punição foram enviadas ao Tártaro.
Mas a palavra não se refere somente a um lugar, mas também ao deus que deu origem a ele.
Tártarus é uma das primeiras criaturas a existir, a emergir do vazio para a existência.
Normalmente aceito como um dos filhos de Khaos, o primeiro de todos os deuses, portanto, da primeira geração dos deuses, o que faz dele um dos deuses primordiais.
Ele existiu antes que surgissem a luz e os Cosmos.
Para o poeta Hesíodo, Tártarus foi a terceira força a emanar do vazio que existiu antes de todas as coisas, logo após o próprio Khaos e Nix, a noite, e imediatamente antes de Gaia, a Terra.
O Tártaro, para os gregos antigos, corresponde ao lugar que o cristianismo chamaria de inferno.
Para lá vão as almas dos que merecem ser castigados e não tem direito a paz eterna.
Tártaro ficava ainda mais distante e abaixo do Hades, o mundo dos mortos, governado pelo deus Hades (ou Plutão para os romanos), de cujo nome originou-se também o nome do lugar.
Já numa menos antiga concepção, Tártaro é uma das regiões do Hades, que se dividiria em 3 sítios distintos: o Érebus, o Tártaro e os Campos Elíseos.
O Érebus seria a primeira região onde chegariam as almas após a morte.
Ali, à beira do Rio Aqueronte, essas almas ficariam esperando pela barca de Caronte, que os faria atravessar para o outro lado do rio, chegando, então, ao Tártaro.
Caronte e sua barca |
Ali no Tártaro essas almas receberiam seu julgamento, os justos e valorosos eram conduzidos aos Campos Elíseos, onde seriam agraciados com a paz eterna e uma “existência” tranqüila na morte.
Os que não eram dignos de serem conduzidos aos Campos Elíseos, deveriam permanecer no Tártaro, que é o lugar das expiações eternas, castigos terríveis, dor, trevas e danações.
Uma muralha separaria a região do Tártaro dos Campos Elíseos, e nos portões dessa muralha Cérberus [ou Cérbero], um enorme cão de três cabeças, monta guarda para impedir que os condenados tentem fugir do Tártaro e chegar aos Campos Elíseos.
É para o Tártaro que os deuses enviam aqueles que se opõe a eles, os que lhes ofenderam e os que cometeram em vida atrocidades, crimes abomináveis e injustiças.
Cérberus - o cão de três cabeças |
Kronos, pai de Zeus, também foi precipitado ao Tártaro quando seu filho o derrotou.
Íxion, um dos mais célebres "moradores" do Tártaro. |
Até mesmo o deus Apolo, que a julgar pelas lendas parece ser um dos filhos preferidos de Zeus, também já passou um tempo aprisionado no Tártaro, mas seu pai acabou por libertá-lo.
São inúmeras as lendas e os criminosos que fizeram por merecer o castigo eterno no Tártaro, entre estes os mais célebres são: Rei Sísifo; Rei Tantalus; Íxion, O rei dos lápitas; as Danaides, que foram condeadas pelos assassinatos de seus maridos; o gigante Tityos [ou Tício], o Rei Salmoneus.
De Acordo com o filósofo Platão, são 3 os incubidos de julgar e determinar a punição das almas recém chegadas ao Tártaro: Radamanto, Éaco [ou Aeacus] e Minos.
ÉACO, MINOS E RADAMANTO |
Radamanto é responsável por julgar as almas dos asiáticos, Éaco julga os europeus e a Minos cabe julgar as almas dos gregos e de dar a palavra final e decisiva em todos os casos em que haja qualquer discordância entre os outros julgadores.
O TÁRTARO SEGUNDO A CONCEPÇÃO DOS ANTIGOS ROMANOS
Almas aprisonadas no tártaro sendo torturadas por seus crimes. |
As mitologias grega e romana ficaram tão intrinsecamente ligadas depois que Roma derrotou e dominou a Grécia, que é praticamente impossível separá-las e determinar qual mito é de origem grega e qual é de origem romana.
Mas é fato aceito que a maioria dessas lendas e mitos são de origem grega, pois embora militarmente sob o domínio de Roma, culturalmente a Grécia superou seu dominador e o suplantou, Roma praticamente perdeu sua identidade e assimilou a cultura grega.
O Tártaro e seu cortejo de alma condenadas |
Os mitos e deuses romanos mantiveram seus nomes, mas as lendas e histórias originais praticamente foram esquecidas e quase que inteiramente substituídas pelas lendas e histórias gregas.
Mesclaram-se as duas, porém prevalecendo mais a grega.
A concepção romana do Tártaro, portanto, é a mesma dos gregos, um lugar de expiações e castigos para aqueles que já morreram, mas existem algumas pequenas diferenças no que diz respeito a descrição do lugar.
TISÍFONE |
O lugar é guardado por uma hidra de cinqüenta maxilares, que está sempre de vigília a um portão protegido por sólidas colunas de adamantino, uma substância parecida com diamante, só que tão dura que se torna indestrutível.
Dentro, há um castelo com paredes amplas e uma torre de ferro muito alta.
No alto desta torre Tisífone está eternamente montando guarda, sempre armada de um chicote e sem jamais dormir.
Ela é uma das três Fúrias da mitologia romana: Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável), que correspondem às Erínias para os gregos.
As 3 Fúrias ou erínias: Tisífone, Megera e Alecto |
Elas nasceram das gotas do sangue que caíram sobre Gaia quando o Urano foi castrado por Cronos, mas na versão de Ésquilo, as Erínias são filhas de Nyx, a noite
possuíam asas de morcego
e cabelo de serpente.
Tisífone
é a vingadora
dos assassinatos
(patricídio, fratricídio,
homicídio, etc.).
Ela é a Erínia
que açoita os culpados
até enlouquecê-los.
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