MITOLOGIAS MUNDIAIS E CONCEITOS

sábado, 25 de fevereiro de 2012

O NEO-PAGANISMO E AS ORIGENS PAGÃS DO CRISTIANISMO

Todas as religiões do mundo atual baseadas em quaisquer das antigas mitologias e religiões do mundo antigo classificam-se como um tipo de neo-paganismo.

É cada vez mais comum no mundo modeno o surgimento dessas novas seitas e religiões em que seus "fiéis" se voltam aos cultos dos antigos deuses.
O "ODINISMO", que cultua Odin e outros Deuses nórdicos, e as "bruxas modernas", são provavelmente os melhores exemplos desse fenômeno, mas não são os únicos, outros deuses de outras mitologias também são cultuados ao redor do  mundo, e há até algumas filosofias que mesclam diferentes deuses de diferentes mitologias.

Sendo NEO, novo, e PAGANISMO, culto pagão, NEOPAGANISMO seria, portanto, o conjunto de todos os "novos cultos pagãos, ou seja, cultos não cristãos, que não cultuam o deus cristão, nem são baseados na Bíblia.

Alguns mais desinformados talvez julguem esses cultos como seitas de adoração ao Demônio, o que seria um erro grosseiro, pois o demônio também é fruto da Mitologia Cristã, e o culto direcionado a ele seria o Satanismo.

Neo-paganistas cultuam em geral antigos deuses, anteriores ao cristianismo, e Satanistas cultam o diabo cristão, em oposição a Cristo [o Bem vs o Mal], mas não em desacordo com a Mitologia Cristã, até porque o Diabo é um conceito cristão que só pasou a existir depois do cristianismo. Antes havia, em algumas mitologias, conceitos semelhantes que o cristianismo se apropriou para conceber a figura do demônio como normalmente o imaginamos atualmente.

 Aliás, a própria idéia de paganismo é um conceito cristão também, já que a rigor significa tudo o que não é cristão.

Embora o cristianismo ainda seja dominante na maior parte do mundo, pelo menos na metade ocidental do planeta, surgem, ou "ressurgem", cada vez mais novos cultos não cristãos.

Mas o que estaria levando tantas pessoas a esse resgate do passado e da antiga religiosidade?

John Henry Newman - cardeal católico romano do século 19
Seria talvez a constatação de que os dogmas e conceitos cristãos são apropriações ou adaptações de diversos  conceitos do antigo paganismo que está levando as pessoas a concluírem que se o cristianismo simplesmente copiou o que já havia antes, então o mais acertado quem sabe não seria o retorno às antigas origens, de onde na verdade tudo surgiu?

O cardeal católico romano John Henry Newman, num ensaio do século século 19 entitulado Essay on the Development of Christian Doctrine (Ensaio sobre o Desenvolvimento da Doutrina Cristã), escreveu  o seguinte:
“O emprego de templos, e estes dedicados a certos santos, e enfeitados em ocasiões com ramos de árvores; incenso, lâmpadas e velas; ofertas votivas ao restabelecer-se de doenças; água benta; asilos; dias santos e estações, uso de calendários, procissões, bênçãos dos campos, vestimentas sacerdotais, a tonsura, a aliança nos casamentos, o virar-se para o Oriente, imagens numa data ulterior, talvez o cantochão e o Kyrie Eleison [o canto “Senhor, Tende Piedade”], são todos de origem pagã e santificados pela sua adoção na Igreja.”

"MESSIAS" PARA TODOS OS GOSTOS E SABORES, ESCOLHA O SEU

Jesus e Krishna
Como já disse antes neste blog: não quero converter ninguém. Até porque a Religião Antiga não se aprende e nem se ensina, mitologia sim pode ser ensinada, estudada, aprendida, mas religião, crença e fé, sejam elas cristãs ou pagãs, têm que ser "acreditadas", sentidas, interioriazadas...

Gostaria apenas de mostrar uma outra maneira, um outro prisma, para se analisar este assunto, do ponto de vista filosófico, histórico e acadêmico, e, se possível fosse, não religioso.

Jesus, Buda e Krishna
Eis aqui diversos mitos da antiguidade, oriundos de diferentes mitologias e religões, cujas histórias e características se assemelham em diversos pontos com Jesus, do cristianismo, porém todos anteriores a ele, a começar por Hórus, da mitologia egípcia, três mil anos antes de cristo, e terminando finalmente com o próprio Jesus Cristo, o mais recente de todos esses mitos.

As semelhanças são inegáveis, vários deles nasceram de virgens, outros foram mortos [alguns na cruz] e ressucitaram, realizaram milagres, enfrentaram demônios ou espíritos malignos, etc. A alguns são atribuídos até mesmo a mesma data de nascimento de jesus. Tudo registrado nos antigos escritos e manuscritos da antiguidade, é só comparar e analisar, e de resto, que cada um tire tire suas próprias conclusões...

HÓRUS
Nascimento: 25 de Dezembro, Egito.
Filho de Ísis, a virgem.
Seu nascimento foi acompanhado pela estrela Sírius, onde três reis a seguiram para buscar o salvador.
Quando criança foi aos templos aprender, e aos 12 anos era um jovem prodígio e professor, e aos 30 anos foi batizado por Anup e assim começou sua jornada.
Lutou durante 40 dias no deserto contra o Deus das trevas, Set.
Tinha como símbolo a letra T, Pai, filho e espírito, Atom, Hórus e Rá. Hórus é conhecido como “A luz”, “A verdade”, “Filho adorado de Deus [Atom]”, “Bom Pastor”, “Cordeiro de Deus”, “O Caminho”, entre outros.
Depois de ser traído por Tifão, Hórus foi crucificado, enterrado e ressuscitou após 3 dias.

ÁTIS
Nascimento: 25 de Dezembro, Grécia.
Filho de Nana, a virgem.
Era apaixonado por Cibele, um amor proibido.
Para ele era comemorado o Dia do Sangue, onde os sacerdotes abstinham de sua sexualidade castrando-se.
Foi martirizado, crucificado, enterrado e ressuscitou 3 dias depois.

KRISHNA
Nascimentos: 19 de Julho ou 25 de Dezembro, Índia.
Filho de Devaki, a virgem.
Vishnu apareceu a ela e disse que Devaki deveria permanecer virgem.
A estrela Sírius assinalou a chegada de Krishna.
Quando criança, Krishna aprendeu com os gurus dos templos. Foi um jovem apaixonado.
Junto aos seus discípulos fez grandes milagres e curas, e após sua morte, ressuscitou.
Ele é o “Senhor dos senhores”, “A suprema e absoluta verdade”, “Aquele cujos olhos são o Sol”, “O refúgio de todos”, “O pastor”, entre outros.

DIONÍSIO, Grécia.
Nascido de uma virgem.
Foi peregrino e professor, fez milagres, transformou água em vinho, é chamado de “Rei dos reis”, “Alpha e ômega” e “Filho prodígio de Deus[Zeus]”.
Após sua morte, ressuscitou.

BUDA, Índia.
Nascido de Maya, a virgem.
Com 29 anos, preocupado com o sofrimento humano tornou-se peregrino.
Banhou-se no rio Nairanjana e se purificou, e uma luz divina desceu, o fortaleceu e lhe deu todo o conhecimento preciso.
É chamado de “Aquele que veio de verdade”.

GILGAMÉSH, Babilônia.
Filho de uma Deusa com um Mortal.
Gilgamésh vaga procurando a vida eterna, que lhe foi negada.
Assim, abandona a vida e vai à procura de sábios e o personagem Utnapishtim, o Noé babilônico.

MITRA
Nascimentos 25 de Dezembro, Pérsia.
Filho de Aúra-Masda, a virgem.
Foi batizado, teve 12 discípulos, praticou milagres, morreu crucificado, ressuscitou após 3 dias e veio trazer a salvação.
Chamado de “A verdade” e “A luz”,
Em seus ritos era servido o pão sagrado e uma bebida alcoólica, que poderia ser vinho para representar o sangue.

Observação:
O mitraísmo entrou em decadência a partir da formação da Igreja Católica como instituição, durante o reinado do impeador romano Constantino.
A principal razão para a decadência do mitraísmo frente ao cristianismo, foi o mitraísmo não ser tão inclusivo quanto a religião cristã. O culto a Mitra era permitido apenas aos homens, e ainda assim apenas aos homens iniciados em um ritual que acontecia somente em algumas épocas do ano.

ZOROASTRO, Pérsia.
Filho de uma virgem, fecundada pela luz divina de Ahuramazda.
Quando nasceu, em vez de chorar, riu e muitos dos seus inimigos tentaram matá-lo, a fim de que não cumprisse sua missão divina.
Teve discípulos, fez milagres e ensinou, além de ser tentado no deserto por uma criatura maligna, mais ou menos nos moldes do diabo cristão. Do zoroatrismo veio o conceito dristão do demônio.
Zoroastro  ficou conhecido por causa de sua bondade com pobres, anciãos, enfermos e animais. Poucos na sua época acreditavam nele, um deles, seu seguidor, era seu primo.
Foi perseguido por sacerdotes e reis, e aos 77 anos, assassinado em um templo.
Seus seguidores acreditam que ele voltará, julgará os mortos e trará a Salvação.

KUKULCAN ou QUETZACÓATL, Maias e Astecas
Filho da Deusa Terra Primordial.
Chamado de “Serpente Implumada”, “O Protetor” ou “Deus Branco”.
Veio do oriente.
É o criador do homem, a luz.
Sua manifestação era a natureza e o conhecimento.
Associado ao planeta Vênus, pois seu nascimento teria sido acompanhado por essa estrela.
Kukulcan ou Quetzalcóatl desceu ao submundo para combater o demônio Xibalba e venceu.
Seu símbolo era um espiral ou “caracol”, representando o “sopro da vida”.
O sangue humano para os Maias e Astecas era o bem mais precioso dos deuses.
Morreu e transcendeu aos céus, de onde seus seguidores acreditam que um dia voltará para a Salvação.

JESUS CRISTO
Nascimento: 25 de Dezembro, Israel, Porém, outros cálculos remetem a 17 ou 19 de Julho [que também é uma das possíveis datas do nascimento de Krishna], ou ainda, ao mês de março.
Filho de Maria, a virgem.
Seu nascimento foi acompanhado por uma estrela(Sírius), onde três reis magos(três marias ou três reis, para os antigos) a seguiram para buscar o salvador.
Na infância, aprendeu com os sacerdotes do templo, onde já era um pequeno profeta e surpreendia os mesmos.
Teve doze discípulos, foi professor e pastor.
Transformou água em vinho, enfrentou o deserto por 40 dias, encontrou-se com um ser maligno dito como demônio ou Satanás, andou sobre as águas, fez muitos milagres, profetizou.
Conhecido como, “A verdade”, “A luz”, “Cordeiro de Deus”, “Alpha e Ômega”, “Bom pastor”, “O caminho”, “O filho adorado de Deus”, “Senhor dos Senhores”, “Rei dos reis”, entre outros.
É representado como  filho na Trindade "Pai, Filho e Espírito Santo".
Foi crucificado, ressuscitou após três dias e acredita-se que dele virá a Salvação.

UMA QUESTÃO A SE LEVAR EM CONTA:
Se os "messias" acima citados, são passíveis de análise e debate, um fato pelo menos é incostestável, pois trata-se de História, aconteceu, está registrado, não há o que se discutir nem duvidar:

A divindade de Cristo foi instituída no "Concílio de Nicéia", no ano 325 D.C., através de votação, ou seja nem mesmo os católicos daquela época tinham certeza se Jesus mera mesmo "o Filhode Deus", e Contantino, que entrou para a História como o primeiro imperador romano cristão, ameaçou de exílio, e até mesmo de morte, os bispos que votassem contra.

Nesse período o cristianismo ainda convivia com os ritos pagãos antigos, grande parte do povo, talvez ainda a maioria ou pelo menos a metade, cultuava os antigos deuses, e levou ainda muitos anos, e às custas de diversos interesses e conchavos politicos entre governantes e a "igreja", para que o cristianismo finalmente se impusesse e suprimisse as antigas religiões, não raramente através do uso da força, da violência e de terríveis ameaças de condenações e punições não somente da alma como também físicas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A ANTIGA RELIGIÃO NÓRDICA E A CONVERSÃO PARA O CRISTIANISMO

Como já citado em postagens mais antigas,
o que para nós atualmente é mitologia,
mero conjunto de mitos e lendas,
compreendia na verdade para os povos da antiguidade a sua prática religosa.
A antiga religião nórdica, portanto,
deu origem ao que hoje conhecemos como mitologia nórdica,
e compreende a prática religiosa dos povos antigos que habitavam a parte mais ao norte da Europa antes que essas religiões fossem suprimidas pelo cristianismo.

Esses povos são os que habitavam a região da Europa setentrional e do Atlântico Norte,
que consiste na Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia,
e seus territórios associados, que incluem as Ilhas Faroé, Gronelândia, Svalbard e Aland.

Era nessa região que existiram também as antigas Germânia (da qual se originou a Alemanha) e Ecandinávia.

Aliás, "Escandinávia" é por vezes utilizado como sinônimo para os países nórdicos, embora dentro desses países os termos sejam considerados distintos.

O povo mais caracterítico Dessa época e região são os antigos vikings, cuja organização social, política e religiosa apresentava similaridades com a de outros antigos povos europeus, como os celtas e os bálticos, sendo que os celtas eram um conjunto de povos organizados em múltiplas tribos e pertencentes à família linguística indo-européia que se espalhou pela maior parte do oeste da Europa; e os bálticos, também conhecidos como baltos, são os descendentes de um grupo de tribos indo-européias que colonizou a região entre o baixo Vístula, o alto Duina Ocidental e o rio Dnieper no litoral sudeste do mar Báltico.


BLÓT era a cerimônia religiosa dos
antigos povos nórdicos, geralmente
praticada em bosques sagrados.
A forma de adoração praticada pelos germânicos antigos e pelos povos escandinavos chamava-se Blót, e se assemelhava muito com a forma que os celtas e os bálticos praticavam também suas religiões.

Blót é uma palavra derivada do verbo blóta [do antigo idioma anglo-saxônico que deu origem a língua inglesa], que significava "venerar com sacrifício", ou "fortalecer".

O sacrifício costumava consistir de animais, em especial porcos e cavalos. A carne era cozida em grandes poços cheios de pedras aquecidas, tanto dentro como fora das residências.

Acreditava-se que o sangue continha poderes especiais, e era borrifado nas estátuas dos deuses, nas paredes e nos próprios participantes da cerimônia.

O momento em que as pessoas se reuniam em torno dos caldeirões fumegantes, para fazer uma refeição juntamente com os deuses ou com os elfos era sagrado.

A bebida que era passada em torno da mesa, de participante para participante, também era abençoada e sagrada; quase sempre era cerveja ou hidromel, porém entre a nobreza podia ser vinho importado.
As tribos germânicas raramente ou quase nunca tinham templos construídos para a prática de sua religiosidade, as cerimônias normalmente aconteciam em bosques considerados sagrados, mas podiam também ocorrer em casas e/ou em altares simples de pedras empilhadas conhecidas como horgr.

Embora o uso de templos não fosse muito comum, em alguns lugares parecia haver uma maior concentração para a prática religiosa, tais como Skiringsal, Lejre e Uppsala.
TEMPLO DE UPSALA
Há indícios que em Uppsala existiu um templo com três estátuas de madeira de Thor, de Odin e de Freyr. Parte do templo, onde provavelmente ocorriam as cerimônias e sacrifícios, era descoberto.

Apesar de parecer que um certo tipo do sacerdócio possa ter existido, nunca houve um caráter profissional e semi-hereditário como o arquétipo do druida céltico. Isto ocorre porque a tradição xamanista foi mantida pelas mulheres, as Völvas, mas é geralmente aceito que os reinados germânicos evoluíram a apartir de seus sacerdotes, ou seja o lider espiritual era também o lider político, de forma que o papel de sacerdote cabia aos reis e aos chefes de clãs, que eram grupos formados por diversas famílias com um lider em comum.
ALTAR CERIMONIAL NO TEMPLO DE UPPSALA
Eram esses chefes de clã que administravam os sacrifícios, e no exercício dessa função recebiam o título de godi.

Já para os celtas, como citado acima, o sacerdócio era uma função especifica, e quem o praticava eram os druidas, portanto, druida era o sacerdote celta da antiguidade.

Há também indícios, não muito confiáveis, da prática de sacrifício humano.
O único testemunho ocular do sacrifício humano germânico sobreviveu no conto de Ibn Fadlan sobre um enterro do navio de Rus, onde uma escrava menina se ofereceu para acompanhar seu senhor ao mundo seguinte.

Testemunhos mais indiretos são dados por Tacitus, Saxo Grammaticus e Adan de Bremen.
O Heimskringla descreve que o rei sueco Aun sacrificou nove de seus filhos em um esforço para prolongar sua vida até que foi impedido de matar seu último filho, Egil.
Há Indícios, não muito confiáveis,
da prática de sacrifício humano.

De acordo com Adam de Bremem, os reis suecos sacrificavam escravos do sexo masculino a cada nono ano durante os sacrifícios de Yule no Templo em Upsalla.

Yule é uma cerimônia, ou Sabat, que acontecia anualmente por volta do dia 21 de dezembo, em observância do renascimento do Deus Sol. Não é por acaso, portanto, que o Yule cai no Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano. Após o Solstício, o dia cresce mais e o sol a cada dia permanece à vista por um período maior, até a chegada do o Solstício de Verão, em junho, significando o crescimento do Deus Sol depois de Seu renascimento.

Alguns elementos das tradições do Yule foram preservados, como a tradição sueca de matar um porco durante o Natal, que era originalmente parte do sacrifício a Frey. Esse costume não só se preservou como se espalhou pelo mundo, vindo daí a tradição do pernil de natal tão comum nas mesas natalinas em vários países do mundo.


ODIN - PRINCIPAL DEUS DA MITOLOGIA NÓRDICA
Nos tempos modernos o Yule ainda é comemorado por algumas religiões neopaganistas, como por exemplo a wicca, e é um dos oito feriados solares ou Sabbats do Neopaganismo. equivalendo mais ou menos ao natal cristão e com muitas tradições similares.

No Neopaganismo moderno, o Yule é celebrado no Solstício de Inverno, por volta de dia 21 de Dezembro no hemisfério Norte e por volta do dia 21 de Junho no hemisfério Sul.

Os suecos tinham o direito de eleger e depôr os próprios reis, e tanto o rei Domalde como o rei Olof Trätälja são conhecidos por terem sido sacrificados após anos de inanição.

Odin foi associado com a morte por enforcamento, e uma prática possível do sacrifício a Odin por estrangulamento tem alguma sustentação arqueológica na existência de corpos preservados perfeitamente pelo ácido das turfas em Jutland.
O Homem de Tollund é o cadáver de um homem naturalmente
mumificado descoberto na Dinamarca em 6 de maio de 1850. 
Estima-se que viveu no século IV a.C., 
foi enforcado, provavelmente como uma forma de um sacrifício,
e jogado no pântano,
tendo o seu corpo preservado devido à camada musgos,
ausência de oxigênio e ação de compostos antimicrobianos.

Devido às técnicas limitadas de preservação de material
orgânico na época da descoberta do corpo, apenas a cabeça foi
conservada, enquanto o restante do corpo deteriorou-se.
Em 1987 uma réplica foi construída,
estando atualmente exposta,
juntamente com a cabeça original,
no Museu de Silkeborg, na Dinamarca.
Um exemplo é Homem de Tollund.

Entretanto, não há nenhum testemunho escrito que interprete explicitamente a causa destes estrangulamentos, que poderiam, obviamente, ter outras explicações, como por exemplo punição ou pena de morte por algum crime cometido.

A falta de confiabilidade nessas informações e no próprio estudo da mitologia nórdica é que, frequentemente, os testemunhos mais próximos que existem das épocas mais remotas foram escritos por cristãos como por exemplo o Younger Edda e o Heimskringla, que foram escritos por Snorri Sturluson no Século XIII, após quase duas centenas de anos depois que a Islândia se tornou cristã, em torno do ano 1000, em um momento histórico sob um intenso clima político anti-pagão na Escandinávia. Toda a literatura ou registro a respeito, portanto, pode ser tendenciosa ou proprositadamente favorável ao cristianismo, como por exemplo a acusação da prática de sacrifício humano por parte das antigas religiões, que a partir do evento do cristianismo passaram a ser consideradas " religiões pagãs".

Virtualmente, toda a literatura sobre as sagas vikings se originou na Islândia, uma ilha relativamente pequena e remota. 

Mesmo contando com o clima de tolerância religiosa que ainda permanecia naquela época nesta região, Sturluson foi guiado por um ponto de vista essencialmente cristão.

O Heimskringla, cujas cópias são tão difundidas na Noruega atual quanto a Bíblia, fornece algumas introspecções interessantes nesta direção.

Snorri Sturluson introduz Odin como um lorde guerreiro mortal da Ásia que adquire poderes mágicos, se estabelece na Suécia, e se torna um semi-deus após sua morte.
OLAF HAROLDSSON
Apesar de ser de origem viking, converteu-se ao dristianinsmo em
troca de apoio da igreja para ocupar o trono da Noruega,
governando o pais primeiro uteraninamente desde 1013 e depois
coroado como  Rei Olaff II a partir de 1015, permanecendo no
trono até 1028, quando foi deposto numa guerra civil,
após o que ficou conhecido como a Batalha de Nesjar. 
Percebendo que a Igreja proporcionava uma excelente máquina de
dominação popular, completou a conversão da Noruega impondo
a fé cristã pelo uso da violência e contruindo uma série de
igrejas em todo o país.
Apesar de muito impopular entre o povo, lhe foi atriuído milagres
após sua morte, sendo cnonizado pela igreja como Santo Olavo.
Ao remover a divindade de Odin, Sturluson fornece então a história de um pacto do rei sueco Aun com o Odin para prolongar sua vida, sacrificando seus filhos.

Mais tarde, no Heimskringla, Sturluson apresenta em detalhes como o Santo Olaf Haroldsson converteu brutalmente os escandinavos ao cristianismo.

Durante a cristianização da Noruega, o rei Olaf Trygvasson mantinha as völvas (mulheres xamãs) amarradas em pequenas rochas à mercê da maré. Uma terrível e longa espera pela morte, condenadas a isso por conta de sua prática religiosa, consideradas como uma espécie de bruxas.

Na Islândia, tentando evitar a guerra civil, o parlamento votou a favor da cristianização, mas tolerou a prática de cultos pagãos na privacidade dos lares. Essa atmosfera mais tolerante permitiu o desenvolvimento da literatura acerca das sagas, que foi uma janela vital para auxiliar a compreender a era pagã.

Por outro lado, a Suécia teve uma série de guerras civis durante o século XI, que terminou com a queima do templo em Uppsala.

A conversão não aconteceu rapidamente, independente se a nova fé cristã fosse mais ou menos imposta pela força.

O clérigo trabalhou fortemente no sentindo de ensinar à população que os deuses nórdicos eram apenas demônios, mas seu sucesso era limitado e os deuses nunca se tornaram realmente malignos na mente popular.

Dois achados arqueológicos extremamente isolados podem ilustrar quanto tempo a cristianização levou para atingir toda a região:

1º - Os estudos arqueológicos das sepulturas na ilha sueca de Lovön mostraram que a cristianização levou entre 150 a 200 anos.

2º - Do mesmo modo, na cidade comercial de Bergen, duas inscrições rúnicas do século XIII foram encontradas.
A primeira diz "pode Thor o receber, pode Odin possui-lo".
A segunda inscrição é um galdra que diz "eu entalhei runas de cura, eu entalhei runas de salvação, uma vez contra os elfos, duas vezes contra os trolls, três vezes contra os thurs.
Essa segunda inscrição menciona também a perigosa valquiria Skögul.

Apesar de haver poucos testemunhos do século XIV até o século XVIII, o clérigo, tal como Olaus Magnus, no ano de 1555, escreveu sobre as dificuldades de extinguir a opinião antiga sobre os deuses antigos.
Hagbard e Signy, cuja trágica história de
amor ficou eternizada numa  secular e tradicional
canção popular. Ambos morrem quando o Rei Sigar,
pai de Signy, que não admitia o enlace entre
os dois, manda executar Hagbard.
O Þrymskviða parece ter sido uma das raras canções que resistiram ao tempo. Outra é a canção que narra a história romântica de Hagbard e Signy.
As versões conhecidas de ambas foram registradas nos séculos XVII e XIX.

No século XIX e no início do século XX, os folcloristas suecos documentaram o que o povo comum acreditava, e o que eles deduziram era que muitas tradições dos deuses da mitologia nórdica haviam sobrevivido. Entretanto, as tradições estavam muito longe do sistema coeso desenvolvido por Snorri.

A maioria dos deuses tinham sido esquecidos e somente o caçador Odin e a figura de matador de gigantes de Thor aparecia em numerosas lendas.

Freya era mencionado algumas vezes e Balder sobrevivia somente nas lendas sobre nomes de lugares.

Outros elementos da mitologia nórdica sobreviveram sem ser percebido como tal, em especial as lendas a respeito dos seres sobrenaturais no folclore escandinavo.


Desde que o inferno cristão se assemelhou ao domicílio dos mortos da mitológia nórdica, um dos nomes foi aproveitado da fé antiga: Helvite, ou seja, punição de Hel, que na mitologia nórdica é a deusa que governa o mundo dos mortos, que a partir do ponto de vista cristão passou  ser visto como inferno.
A DEUSA HEL
Senhora do Mundo dos Mortos

Outra reminiscência dos tempos antigos reside nos nomes dos dias da semana que foram nomeados em referência a um deus ou criatura mítica da antiguidade, levando-se em conta, claro, que estas palavras do alemão e inglês modernos se derivam de palavras do antigo idioma anglo-saxônico.
Vale lembrar também que na mitologia nórdica Sol e Lua eram também os nomes dos deuses que regiam estes astros.

Temos portanto:

Dia do Sol [Domingo]: Sonntag, em alemão e Sunday em inglês [que traduzido literalmente ao pé da letra significa dia do sol]

Dia da Lua [segunda-feira]: Montag, em alemão e Monday em inglês

Dia de Tyr [Terça-feira]: Dienstag, em alemão e  Tuesday em inglês ,

Dia de Odin (Woden ou Wotan) [Quarta-feira]: Mittwoch, em alemão e Wednesday em inglês

Dia do trovão ou dia de Thor (Deus do Trovão) [Quinta-feira]: Donnerstag, em alemão e  Thursday em inglês

Dia de Freyja [Sexta-feira]: Freitag, em alemão e  Friday em inglês

Sabá (alemão), dia de Saturno (inglês) [Sábado]: Samstag, em alemão e  Saturday em inglês