MITOLOGIAS MUNDIAIS E CONCEITOS

sábado, 14 de abril de 2012

ORGANIZAÇÃO E HIERARQUIA DOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS

África

Ogún 
ORIXÁ CULTUADO
ORIGINALMENTE
EM 
Ekiti e Ondo,
NA ÁFRICA
Na África cada orixá estava ligado a uma cidade ou a uma nação inteira; tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais.

Sàngó em Oyo, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondo, Òsun em Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Osàálà-Obàtálá em Ifé, Osàlúfon em Ifon e Òságiyan em Ejigbo.

A realização das cerimônias de adoração ao Òrìsá é assegurada pelos sacerdotes designados para tal em sua tribo ou cidade

Brasil

No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Orixá, Vodun e Nkisi, são separados pelo tipo de iniciação sacerdotal.

O culto de Ifá só inicia Babalawos, não entram em transe.

O culto aos Egungun só inicia Babaojés, não entram em transe.

O Candomblé Ketu inicia Iaôs, entram em transe com Orixá.

O Candomblé Jeje inicia Vodunsis, entram em transe com Vodun.

O Candomblé Bantu inicia Muzenzas, entram em transe com Nkisi.

PANTEON DOS ORIXÁS
AFRICANOS



As palavras Orixá, Vodun e Nkisi exprimem basicamente o mesmo conceito e se referem as entidaes cultuadas, comumente chamadas "santos", sendo que ada desgninação pertence a um determinado tipo de culto. Das três, orixá é a denominação mais comum e generalizada, enquanto em algumas casas as outras palavras passaram a designar, as vezes, conceitos dferentes.

Em cada templo religioso são cultuados todos os orixás.

Havendo na casa espaço físico para tanto, é costume que cada Orixá tenha sua casa, na verdade, um quarto separado onde ficam os objetos pertinentes ao culto de cada orixá.


QUARTO DE ORIXÁ
Contudo, é cada vez mais comum o uso de apenas um quarto onde se cultuam juntos todos os orixás, com exceção de alguns poucos que devem ter suas casas obrigatoriamente separadas.

Esse quarto geralmente recebe a designação de roncó ou roncol.

Também deve se ter um quarto destinado à iniciação dos fiéis, que geralmente recebe a denominação de sabagí na maioria das casas, mas em alguns cultos é chamado de camarinha, pois nesses casos diz-se que quando alguém está passando pela iniciação, ele está fazendo a camarinha, e por extensão esse termo passou a denominar também o quarto onde isso acontece.
 A RASPAGEM DE CABEÇA É UM DOS ATOS DE
INICIAÇÃO QUE OCORREM NA MAIORIA DAS
CASAS DE CULTOS AFRO-BRASILEIRTOS




Alguns orixás são só assentados no templo para serem cultuados pela comunidade, mas não dão incorporação, como por exemplo, Odudua, Oranian, Olokun, Iyami-Ajé.

Os responsáveis pela iniciação dos Iaôs e pelo culto de todo e qualquer orixá assentado no templo são a Iyalorixá, se for mulher, ou o Babalorixá, se for homem, popularmente conhecidos como Pai e Mãe de santo. Esses são os que têm a função sacerdotal dentro do culto, são as maiores autoridades dentro de uma casa, também chamados de zeladores de santo, pois cabe a eles a obrigação de zelar pelo santo e pelos iniciados.

Santo é a designação popular das entidades cultuadas, por assimilação as tradições católicas que exerceram grande influência, aqui no Brasil, nos cultos de origem africana, já que o escravo em geral era proibido de praticar sua religião, em parte por que os seus senhores temiam esse culto, julgando-o como prática de feitiçaria, em parte na tentativa de canonizar o escravo e convertê-lo, a força, à fé cristã.

Repetia-se assim, em terras brasileiras, num passado ainda nem tão distante, o mesmo fenômeno de séculos atrás quando na Europa o cristianismo procurava suprimir, às vezes pelo uso da força e da violência, as antigas religiões hoje tidas com religiões pagãs, segundo a perspectiva do cristianismo.

Mas assim como em muitas partes do mundo muitas dessas antigas mitologias conseguiram sobreviver, também o culto africano não pode ser contido e persiste até os dias de hoje, embora tenha sofrido mudanças com a influência e a imposição cristãs.

EGUNGUN MANISFESTADO.
OS SEGUIDORES DESSE CULTO AFIRMAM QUE NÃO
HÁ MÉDIUNS ENCORPORADOS SOB ESSAS ROUPAS,
MAS QUE SÃO OS PRÓPRIOS EGUNS QUE ENTRAM
NELAS E AS FAZEM SE MOVIMENTAR.
Os "zeladores de santo", contudo, não são as únicas autoridades nas hierarquias dentro das casas de culto, há outros cargos e funções. A essas pessoas são dadas diferentes funções e a eles cabem auxiliar os pais e mães de santo em suas funções. Alguns desses cargos e funções possuem maior autoridade do que outros, alguns se equivalem em peso, autoridade e importância.

Há muitas diferenças de uma casa para outra, dependendo do tipo de culto que a casa pratica, nesses cargos, mas os mais comuns são:
Babaojé: Responsável pelo culto aos eguns. Tradicionalmente essa função é dada somente a homens, pois diz a tradição que os eguns não aceitam ser tratados por mulheres. Algumas casas, porém, já admitem que mulheres tenham essa função, desde que a exerçam "disfarçadas" de homem, ou seja, com roupas masculinas, para enganar os eguns.
No culto origial aos eguns, o Babaojé é o sacerdote supremo, não dá incorporação.
Nesses cultos, muito raros de se achar, os eguns não incorporam, mas se materializam, "preenchem" as roupas , vêm para o salão e se apresentam nos dias de festa, ou seja, não há médiuns enccorporados dentro das roupas, mas os próprios eguns. Esse culto é exercido exclusivmente por homens e as mulheresetem um papel muito limitado denro deles, nunca participando diretamete dos rituais internos.

Babalosaim: Responsável por colher e preparar as ervas e folhas.

Babakerê [para homem] e Yakerê [se for mulher]: Em algumas casas é o segundo em comando depois dos babalorixás e Yalorixas. São comumente chamados de Pai e Mãe-pequenos. Em outras casas essa função é dividida entre vários de seus membros, sendo que cada um fica responsável por zelar de um determinado número de iniciados, participando de tudo que diga respeito à iniciação de seus "protegidos", auxiliando o babalorixá. Nesse caso os Pai/Mãe-pequenos não tem autoridade sobre todos os filhos da casa, mas somente sobre aqueles que auxiliaram na iniciação. Em algumas casas quem exerce essa função junto aos iniciados recebem outra nomenclatura, são os padrinhos e madrinhas de santo, que tanto pode ser um membro mais antigo da casa, como uma figura ilustre convidada exclusivamente para esta função.

Ogãs: Comumente são chamados ogãs os que tocam os atabaques durante os cultos, mas na verdade ogã é uma designação comum a todos os iniciados homens que não tem o dom da incorporação. A eles são dadas diferentes funções, com diferentes designações, que variam muito de uma casa para outra. Os mais comuns, que geralmente encontram-se em todas as casas, são os alabês, cuja função especificamente é tocar para os santos, e os ashoguns, responsáveis pelos sacrifícios aos santos.
YABASSÉ

Ekédis: Essa função é destinada as mulheres que não incorporam. Gozam de grande privilégio dentro dos cultos, são auxiliares diretas dos zeladores e ajudam nas iniciações, na direção dos cultos nos dias de função, etc. Cada ekédy é consagrada a um determinado orixá, ao qual ela se torna responsável por cuidar e zelar.

Yabassé: Responsável por tudo que diga respeito à cozinha da casa, elas cozinham para todos da casa, para as festas, para os iniciados que estão recolhidos e para os orixás, as comidas rituais que são dadas como oferendas, enfim, tudo o que diga respeito à culinária dentro das casas de culto.

EXU, CUJA RESPONSABILIDADE POR
ZELAR PERTENCE AO DAGÃ
Alguns as consideram como um tipo ou qualidade de ekédy, outras casas aceitam que médiuns incorporativas exerçam essa função, mas é comum dar-se essa função as que não incorporam. Devido à natureza de sua função é um cargo destinado exclusivamente as mulheres.

Dagã - Responsável por cuidar e zelar de exu, desde a limpeza de sua casa até o culto propriamente dito. Tradicionalmente, mas não obrigatoriamente, essa função é dada aos filhos mais antigos da casa. Pode ser exercido por médiuns incorporativos ou não, de ambos os sexos.

Sidagã - Auxilia o dagã em suas funções e o substitui em caso de necessidade.

Babalawo - Responsável pelo culto a Ifá. Conhecem os segredos dos oráculos e "lêem os búzios". Tradicionalmente essa função era dada aos homens e somente as mulheres de Oxum poderiam ser iniciadas nessa função.
Atualmente, todos os zeladores, homens ou mulheres, dominam o jogo de búzios, mas os que são destinados exclusivamente a essa função geralmente não incorporam e sua comunicação com os orixás se dá através dos búzios. É cada vez mais raro encontrar-se esse tipo de sacerdote, pois o culto de ifá exige uma iniciação muito severa e demorada. Os zeladores comuns que deitam os búzios não os dominam completamente, mas somente seus fundamentos básicos, o suficiente para se comunicarem com as entidades, somente os babalawôs dominam toda a ciência por completo, mas é cada vez mais difícil encontrar quem esteja disposto a se submeter a esse tipo de iniciação, ou quem esteja capacitado para preparar novos iniciados.

Jibonã OU AGIBONÃ- Tem a função de tomar conta do iniciado quando ele está recolhido; É o jibonã que se responsabiliza pela alimentação do iniciado, lhe ensina e acompanha nas rezas rituais, lava sua roupa, dá-lhe os banhos rituais, cuida para que tenha sempre água fresca e fica sempre a sua disposição para atender-lhe em todas as suas necessidades.

Esses cargos e funções diferem muito de um tipo de culto para outro, alguns são exclusivos de uma determinada nação e não de outra, de forma que é possível apenas estabelecer um lugar comum entre todos eles, mas descrição nenhuma corresponderá à plena totalidade da realidade de todas as casas.

Os membros da casa, comumente conhecidos com filhos de santo, são chamados yawôs, quando já passaram pelo ritual de iniciação, e abiãs, quando ainda não tomaram suas obrigações. Salvo alguns cargos que são inatos, ou seja, a pessoa já nasce com essa função pré-determinada, como no caso de ogans e ekédys, as outras funções são determinadas pelo babalorixá segundo sua observação a respeito das potencialidades de seus yawôs ou tempo de iniciação, cabendo os cargos mais elevados aos mais antigos.

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