Pilone do Templo de Luxor. |
Os templos dos períodos mais antigos da história do Antigo Egito, como o Império Antigo e o Império Médio, não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época ptolomaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos.
Primeiro pilone do templo de Hórus, em Edfu |
À entrada de um templo encontravam-se obeliscos e estátuas monumentais, que antecediam o pilone.
Nos templos do Império Novo é comum a existência de uma avenida de acesso ladeada por esfinges com corpo de leão e cabeça de carneiro (que se acreditava protegerem o templo e o deus), na qual desfilava a procissão em dias de festa.
Fileira de esfinges no templo de Luxor. |
Um pilone era uma porta monumental composta por duas torres em forma de trapézio, entre as quais se situava a entrada propriamente dita.
Nas paredes do pilone representavam-se as divindades ou muitas vezes a cena clássica na qual se vê o faraó a atacar os inimigos do Egipto.
Passado o pilone existia uma grande pátio (uba), a única zona acessível ao público, onde a estátua da Divindade era mostrada nos dias de festa.
O pátio era rodeado por colunas e possuía por vezes um altar (aba), onde se efectuavam os sacrifícios.
Este pátio precedia uma sala hipóstila (ou seja uma sala de colunas), mais ou menos imersa na escuridão, que antecedia outros salas onde se guardavam a mesa de oferendas e a barca sagrada.
Finalmente, achava-se o santuário do deus (kari). Se os faráos entedessem ampliar um templo construiam-se novas salas, átrios e pilones.
NILÔMETROS POÇO OU LAGO SAGRADO QUE HAVIA NO PÁTIO DE ALGUNS TEMPLOS |
Teoricamente o rei egípcio tinha o dever de realizar a liturgia em cada templo.
Uma vez que era fisicamente impossível para o rei estar presente em todos os templos que existiam no Egito, o soberano nomeava representantes para realizar as cerimónias a Deus.
Os reis só visitavam os templos em ocasiões especiais associadas a festivais, o que não impede que sejam representados nos templos fazendo oferendas as Divindades.
A vida nos templos seguia o curso da vida normal.
Antes do nascer do sol, abatiam-se os animais que seriam oferecidos as Divindades.
Os sacerdotes purificavam-se com água e vestidos com trajes brancos entravam em procissão no templo.
No pátio do templo os sacerdotes apresentavam as suas oferendas e queimavam incenso.
Um sacerdote dirigia-se ao santuário da Divindade, uma sala especialmente consagrada, localizada na parte mais reservada do templo.
Ali o sacerdote acendia um archote e abria o naos, tabernáculo onde se guardava a estátua da Divindade.
O sacerdote apresentava-se a Divindade e anunciava vir cumprir os seus deveres.
Limpava o tabernáculo, queimava incenso, lavava a estátua e aplicava sobre ela óleos, vestia-a, maquilhava-a e colocava-lhe a coroa.
Terminado este processo o sacerdote coloca a estátua no naos, abandonando a sala apagando o archote e as pegadas que fez.
Ao meio-dia poderia ser feita uma nova cerimônia na qual se oferecia alimentos.
NAOS ESPÉCIE DE ORATÓRIO ONDE FICAVA A ESTÁTUA DO DEUS A QUEM O TEMPLO ERA DEDICADO |
No Antigo Egipto não existiu uma estrutura sacerdotal centralizada; cada Divindade possuía um grupo de homens e mulheres dedicados ao seu culto.
O termo mais comum para designar um sacerdote em egípcio era hem-netjer, o que significa "Servo de Deus".
Não se sabe em que época da história egípcia se estruturou o grupo sacerdotal.
Na época do Império Antigo os sacerdotes não estavam ainda organizados em corpos fixos como sucederá no Império Novo.
De acordo com os Textos das Pirâmides, datados do Império Antigo, os reis tinham cinco refeições diariamente, três no céu e duas na terra; estas últimas estavam a cargo dos sacerdotes funerários.
As fontes do Império Novo mostram que os sacerdotes estavam organizados em quatro grupos (em grego: phyles), cada um dos quais trabalhava durante um mês cada três meses.
Durante os oito meses que tinham livres, os sacerdotes levavam uma vida comum inserida na comunidade, junto das suas esposas e filhos.
O clero egípcio estava estruturado de forma hierárquica. O rei era em teoria o líder de todos os cultos egípcios, mas como já foi referido este delegava o seu poder a outro homem devidamente preparado por Deus, o Sumo Sacerdote, que na hierarquia era seguido do segundo sacerdote, por sua vez seguido do terceiro e quartos sacerdote. O grupo seguinte era o dos "pais divinos" e dos "puros". Existiam também os sacerdotes leitores, os que calculavam o momento ideal para realizar um determinada cerimónia através da observação do sol ("horólogos") e os que determinavam os dias fastos e nefastos ("horóscopos"). Finalmente, pode distinguir-se um grupo dedicado aos serviços de manutenção do templo (imiu-seté).
As mulheres também trabalhavam nos templos seguindo o mesmo regime de rotatividade dos homens. Frequentemente estas mulheres eram esposas dos sacerdotes. As mulheres poderiam ser cantoras (chemait), músicas (hesit) ou dançarinas (khebait). Durante o Império Antigo e o Império Novo muitas mulheres da classe abastada serviram a deusa Hathor. No culto de Amon o cargo mais importante ocupado por mulheres era o de "Adoradora Divina". As mulheres que ocuparam este cargo foram filhas ou irmãs do faraó governante.
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